Salário milionário de atores atrapalha novo modelo de novelas da Globo
- 15 de dezembro de 2022
Não é apenas o novo modelo de contrato por obra na Globo que anda prejudicando a escalação de elenco para as novelas. A partir de agora, as produções passam a incorporar os salários dos atores ao orçamento total do projeto. Com isso, a escolha de um determinado nome não é mais feita apenas artisticamente. É preciso calcular direitinho para fazer caber os pagamentos dentro do custo previsto.
Na prática, é preciso pensar bem antes de escalar um veterano consagrado, com patamar de ganhos muito elevado. Pode não sobrar dinheiro para compor o restante do elenco. A regra vale tanto para contratados por obra quanto para os poucos que ainda têm vínculo de longo prazo com a Globo.
A novidade é recente. Até pouco tempo atrás, o orçamento das novelas era usado apenas para produção: cenário, viagens, colaboradores etc. Como o valor de produção agora também é usado para pagar salários, a emissora tem procurado revelar novos talentos, cujos salários são mais baixos.
Atores desconhecidos do grande público passaram a ser mais necessários do que nunca. Com o novo modelo, fica cada vez mais difícil escalar atores com alto valor de mercado, que tenham o “combo” de talento e popularidade.
Mesmo na novela das nove, que por razões óbvias tem um orçamento maior, a nova ordem fez com que a direção considerasse a escalação de rostos novatos. Em Terra Vermelha, por exemplo, Barbara Reis, Paulo Lessa e Johnny Massaro estão entre os personagens principais. Isso porque a próxima trama do horário nobre já tem Tony Ramos, Gloria Pires, Susana Vieira, Cauã Reymond e Agatha Moreira no elenco.
A ida de Gloria para a novela de Walcyr Carrasco –que substituirá Travessia a partir de abril– aliviou o orçamento de Fuzuê, novela das sete que teria a atriz como vilã. Essa saída trouxe novas possibilidades de escalação e, por isso também, há uma demora na escolha dos principais nomes da história de estreia do autor Gustavo Reiz na Globo.
