Interino na Seleção em 2000 opina sobre desafios que Ramon Menezes
- 2 de março de 2023
A primeira convocação da Seleção Brasileira após a Copa do Mundo de 2022 acontecerá nesta sexta-feira (3) e trará um fato incomum. Caberá ao interino Ramon Menezes a missão de anunciar quais serão os jogadores que disputarão o amistoso com Marrocos, marcado para 25 de março. O desafio de ser uma solução provisória no cargo mais importante do futebol nacional acontece acontece depois de muitas décadas.
Em 2000, a Seleção passou por este período de mudança. Vanderlei Luxemburgo tinha sido demitido do cargo em 30 de setembro, após a derrota por 2 a 1 para Camarões custar a eliminação canarinha nos Jogos Olímpicos de Sidney. Como na semana seguinte, os brasileiros teriam um compromisso pelas Eliminatórias da Copa do Mundo, o auxiliar Candinho aceitou ocupar o posto interinamente.
– Eu fazia parte da comissão técnica do Luxemburgo. Inclusive, fomos campeões da Copa América (em 1999). Quando a demissão do Vanderlei foi confirmada, houve um acerto de que eu comandaria a Seleção somente no jogo das Eliminatórias e logo depois iria sair, em solidariedade a ele – detalhou Candinho.
O treinador contou como lidou com o desafio de convocar o Brasil para a partida contra a Venezuela, válida pelas Eliminatórias.
– Sabia que era uma responsabilidade grande. A gente estava em uma situação apertada nas Eliminatórias. Recorri à minha autoconfiança, não fui pressionado a nada e escolhi um caminho para fazer a convocação – disse.
Candinho contou como foi definindo a lista da Seleção Brasileira que jogaria em Maracaibo em 8 de outubro de 2000.
– Como a gente não tinha tempo para treinar e jogaria na Venezuela em breve, fui convocando os jogadores que se conheciam, que tinham chance de ficar mais entrosados. Por exemplo, chamei dois zagueiros que atuaram juntos no Palmeiras, que foram o Antônio Carlos e o Cleber. Optei por convocar todo o ataque do Vasco, chamando Juninho, Juninho Paulista, Euller e Romário. A convocação do Euller surpreendeu muita gente na época. Mas eu precisava de gente que se conhecesse, que se entendesse em campo. A gente mal ia se encontrar e, logo depois, iria jogar! E não era amistoso, era jogo decisivo – destacou.
A Seleção saiu de campo com uma goleada por 6 a 0. Euller e Juninho Paulista encaminharam a vitória. Mas Romário, com quatro gols, confirmou o placar dilatado.
Passada a vivência que teve no comando canarinho, Candinho aconselha Ramon Menezes, que estará na sexta-feira (3) à frente da Seleção Brasileira, mas também no posto de interino.
– O que posso dizer é que ele tem de seguir a cabeça dele. Tem de ignorar os palpites que surgem de diversos lados e confiar no trabalho que ele tem feito até aqui na base – afirmou.
Em seguida, o ex-auxiliar e ex-interino da Seleção em duas partidas (além do duelo com a Venezuela, Candinho esteve no comando dos brasileiros no empate em 0 a 0 com a Espanha, pois Vanderlei Luxemburgo estava com a Seleção Olímpica) apontou o novo desafio que aguarda Ramon.
– Ele conseguiu um título importante com a Seleção Sub-20 e tem feito um trabalho relevante com os meninos. Agora vai encarar um desafio mais pesado, com jogadores mais experientes, que têm rodagem na Europa e precisa manter a autoconfiança – e ressaltou:
– Acredito que o Ramon também vá ter mais espaço para observar jogadores por ser uma convocação para um amistoso. Torço muito para que vá bem no comando da Seleção. Estar nesse cargo é um momento importante na história de todo o treinador. Cabe a ele ter tranquilidade – finalizou.