Crise leva brasileiros a trocarem refeições saudáveis por salgadinhos

  • 9 de março de 2023

A crise econômica e a inflação fizeram brasileiros piorarem seus hábitos de alimentação fora de casa, trocando refeições completas pelos chamados snacks – principalmente salgadinhos de pacote e salgados prontos, como coxinhas e esfihas. É o que mostra um estudo produzido pela Kantar, empresa de dados, insights e consultoria.

Segundo o levantamento, as classes mais pobres foram as mais afetadas. De 2019 a 2022 (período anterior à pandemia de Covid-19 e pós fase mais aguda da doença), o consumo de snacks entre os que se alimentam fora de casa aumentou 35,7% entre as classes D e E, principais responsáveis pela alta do índice geral.

“A crise está afetando mais o consumidor humilde. Prova disso é que vemos um movimento das pessoas começarem a buscar uma alimentação um pouco mais barata, deixando de gastar fora de casa e optando pelas marmitas e lancheiras”, afirma Hudson Romano, gerente sênior de consumo fora do lar da Kantar.

A pesquisa mostra que os salgados prontos, que eram preferência de 11% do total de entrevistados em 2019, passaram a ser prioritários para 15% da população geral em 2022. Enquanto isso, as refeições completas caíram de 7% para 4% no mesmo período. A pesquisa ouviu 4 mil pessoas de todas as regiões do país.

“O consumidor, quando está na rua, vem diminuindo sua frequência de compra de pratos [refeições], afetando consequentemente o volume desse tipo de consumo. Quando esse consumo cai, ele acaba aumentando sua frequência de compra e consumo de salgados”, explica Romano.

As marmitas e os chamados “preparos alternativos” são recursos mais utilizados pelo público entre 35 e 44 anos, segundo a pesquisa. Os principais itens que compõem os preparos dessa população são as carnes de aves, além de iogurtes e lanches prontos.

Os snacks também vêm crescendo como opção para café da manhã e lanche da tarde. De acordo com a pesquisa, o aumento do consumo de salgados nessas refeições foi de 89% entre 2019 e 2022. Enquanto isso, houve uma retração de 61% no mesmo período para refeições no almoço.

“Os números mostram que essa movimentação vai além dos momentos de lanche. O maior foco, agora, está em matar a fome. O consumidor vem usando o salgado – que antes era muito atrelado a sabor e hábito – como forma de se saciar com produtos mais baratos”, diz o gerente da Kantar.

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