Morre o dramaturgo, ator e jornalista Alexandre Ribondi
- 11 de junho de 2023
Morreu neste sábado (10), em Brasília, aos 70 anos de idade, o artista Alexandre Ribondi, dramaturgo, diretor, ator, jornalista e sóciofundador do Espaço Multicultural Casa dos Quatro, voltado à militância LGBTQIA+.
Em maio, Ribondi foi vítima de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e, desde então, atravessou internações no Hospital de Base, Hospital das Clínicas de Ceilândia e no Hospital Regional da Asa Norte onde, às 14h06 deste sábado, teve a morte constatada.
Nascido no Espírito Santo, Ribondi desenvolveu sua carreira nos anos 1970, no Distrito Federal, escrevendo e atuando em peças teatrais de temática LGBTQIA+ como Filó Brasiliense (1975), Os Rapazes da Banda (1981), Crépe Suzette, o Beijo da Grapette (1980), Abigail é Mais Velha que Procópio (1986), No Verão de 62 (1985), A Última Vida de Um Gato (2002), Virilhas (2005), Felicidade (2015) e Mimosa (2018).
Foi também colaborador do jornal Lampião, publicação LGBTQIA+ de circulação nacional, e membro fundador do Grupo de Luta Homossexual Beijo Livre. Escreveu os romances, com a mesma temática, Na Companhia dos Homens e Da Vida dos Pássaros.
Ele participou da antologia latino-americana de contistas Now the Volcano, publicada por Gay Sunshine Press, EUA. Integrou ainda o Retratação (2021), coletivo de comunicadores e artistas, oferecendo produtos criativos e autorais, como produção, performances, consultorias, coberturas, fotografia e videografia.
Em nota, os sócios-fundadores da Casa dos Quatro descreveram a trajetória de seu mais ilustre integrante.
Para quem, nascido em 12 de dezembro de 1952 em Mimoso do Sul (ES), jamais encontrou descanso, sua passagem é certamente o momento para tal. Em Brasília desde 1968, dias após a decretação do AI-5, Ribondi debutou no teatro aos 15 anos, dirigido por Laís Aderne. Sofreu a repressão da Ditadura na pele, ao ser preso, torturado e ter partido para o exílio na França. Tornou-se jornalista de Cultura nos jornais da cidade, como Correio Braziliense e Jornal de Brasília. Nos anos de chumbo, fundou a primeira organização de luta LGBTQIAPN+ da capital, o Grupo Homossexual Beijo Livre. Entre idas e vindas de e para Portugal, viveu dois casamentos longos. Tornou-se dramaturgo, autor, diretor, ator. Estava em plena atividade: conduzia duas oficinas na nossa Casa dos Quatro, para formação de atores, e uma no Sol Nascente (DF), de atuação para jovens LGBTQIAPN+, diz o texto assinado por Elisa Mattos, Josias Silva, Luísa de Marillac, Morillo Carvalho, Rafael Salmona e Rui Miranda.
Também em nota oficial, o secretário de cultura e economia criativa do Distrito Federal, Bartolomeu Rodrigues, lamentou a partida do artista. A cena cultural de Brasília perdeu um de seus maiores protagonistas. Autor, ator, produtor, empreendedor, Ribondi foi tudo e, ao mesmo tempo, um questionador de seu tempo, dando espaço ao debate e lançando luz na escuridão. Há exatamente um mês, recebeu da Secretaria de Cultura a Medalha Seu Teodoro, oferecida a personalidades engajadas na valorização e difusão das artes no Distrito Federal. Estava alegre, cheio de vida, nos abraçamos e rimos juntos. Era uma despedida, mas seu legado fica. E a luta também, escreveu o secretário.
O velório de Alexandre Ribondi ocorrerá no Espaço Casa dos Quatro, neste domingo (11), de 12h às 15h. A local fica na 708 Norte, Bloco F loja 42, atrás do restaurante Xique-Xique. O artista deixa o irmão Ludovico e o sobrinho Alex, além de inúmero amigos, admiradores e discípulos.