Diretor de Gugu Liberato no auge no SBT, Roberto Manzoni morre aos 74 anos
- 10 de novembro de 2023
O diretor Roberto Manzoni, mais conhecido como Magrão, morreu aos 74 anos na madrugada desta sexta-feira (10). O profissional foi responsável por sucessos da televisão brasileira entre as décadas de 1970 e 2000, como Viva a Noite (1982-1992) e Domingo Legal –tanto sob o comando de Gugu Liberato (1959-2019) quanto Celso Portiolli. Ele também esteve à frente da reestreia do Programa Silvio Santos.
Manzoni começou a carreira como operador de VT na TV Excelsior. Também trabalhou na sede paulista da Globo. Migrou para o SBT na década de 1970, dirigindo o Domingo no Parque (1977-1988), apresentado por Silvio Santos. Na década seguinte, fez uma parceria bem-sucedida com Gugu no Viva a Noite.
No Domingo Legal, o diretor ajudou o programa a ganhar várias vezes as guerras de audiência contra o Domingão do Faustão (1989-2021). Ele se demitiu e deixou a atração em setembro de 2003, depois que perdeu a liderança para o programa de Fausto Silva.
Magrão também estava insatisfeito com as mudanças no dominical, que teve que cortar quadros mais apelativos por causa de uma campanha contra a baixaria na televisão, chamada de Quem Financia a Baixaria É Contra a Cidadania.
Na época, o Domingo Legal passou a investir mais em jornalismo e diminuiu as atrações musicais. Ele ainda não gostou de ter de dividir a direção com Maurício Nunes.
A saída de Manzoni aconteceu pouco antes da falsa entrevista com membros do PCC comandada por Gugu. O diretor voltou ao Domingo Legal após 20 dias, atendendo ao apelo do próprio Silvio Santos.
Apesar de ter se destacado no SBT, ele também passou pela Band nos anos 2000 e foi diretor do Jogo da Vida (2003-2005), programa de Márcia Goldschimidt.
Manzoni estreou como apresentador em O Poderoso Magrão (2005-2006), na TV Gazeta, mas deixou a emissora para se candidatar a deputado federal pelo PDT (Partido Democrático Trabalhista).
Voltou para a emissora de Silvio Santos em 2007, quando participou de uma nova versão do Viva a Noite com Gilmelândia. Também dirigiu a reestreia do Programa Silvio Santos, em 2008, e o Sabadão (2015-2017). Deixou o SBT definitivamente em 2016 para cuidar da saúde.
Ele ainda escreveu o livro autobiográfico Os Bastidores da Televisão Brasileira, no qual relata histórias dos tempos em que esteve à frente de programas de auditório.
Manzoni ainda trabalhou como produtor musical. Ele foi creditado como compositor das músicas A Dança da Galinha Azul, Fio Dental e Marcha da Bicharada –cantadas por Gugu Liberato. O nome dele também aparece na produção do álbum Provocante, do grupo Dominó.
Magrão deixa a mulher, Mara, o filho, João Gabriel, e a neta, Beatriz.
Homenagens
Nas redes sociais, Celso Portiolli lamentou a morte. “Hoje dizemos um adeus cheio de saudade ao nosso querido Magrão, o Roberto Manzoni. Diretor de tantos programas que amamos no SBT, ele sabia como ninguém dar vida a um programa de auditório”, escreveu no Instagram.
“Seu trabalho tocou tantas vidas, e sua ausência será sentida em nossos corações. Nossos pensamentos estão com a família e amigos do nosso grande diretor Magrão neste momento difícil. Vamos sempre lembrar dele com carinho e gratidão por todos os momentos felizes que nos proporcionou. Obrigado, Magrão”, afirmou o apresentador.
Sonia Abrão também se pronunciou sobre a perda do diretor. “Magrão, meu amigo querido, aprendi muito com você quando trabalhei, sob sua direção, no Domingo Legal! Vai voltar a formar aquela dupla imbatível com Gugu lá no céu!”, disse a funcionária da RedeTV!.
Ex-diretor artístico do SBT, Fernando Pelegio também homenageou o profissional. “Magrão foi um cara que respirava TV. Sabia muito. Construiu muito. Excelente caráter e um dos caras mais criativos (ao lado do Macarrão) que conheci. Vinha sofrendo a muito tempo e agora descansou. Colocou muitos tijolos no SBT”, valorizou em postagem no X, antigo Twitter.
“Descanse em paz, amigo Magrão. Que Deus te receba de braços abertos”, desejou Leon Abravanel Junior.
Nota de pesar do SBT
O SBT lamentou a morte de Manzoni em nota enviada à imprensa e enalteceu o trabalho do profissional na história da emissora. Confira na íntegra:
“Hoje, o Sistema Brasileiro de Televisão está mais triste. Perdemos um querido amigo e pioneiro da nossa caminhada: Roberto Manzoni, o Magrão, como era carinhosamente conhecido em todo o meio televisivo. Ele tinha 74 anos.
Colega respeitado, profissional ímpar, amigo zeloso e carinhoso, assim era Roberto Manzoni. O início de carreira se deu no final da década de 1960, quando tornou-se operador de VT na TV Excelsior, e logo migrou para a sede paulista da TV Globo, na Rua das Palmeiras, em São Paulo. O apelido, contava divertidamente que adquirira nesta fase: ‘Era uma fase de muito trabalho, e pouco tempo pra me alimentar, então, todo mundo me que se referia a mim, dizia: olha, fala com aquele magrão lá do VT… E o apelido pegou!’
O assaz desempenho e a vocação para o meio, levaram-no a ser contratado para coordenar a edição de programas na Marca Filmes (empresa comercial do Grupo Silvio Santos) e na Publicidade Silvio Santos, produtora que era responsável pelo Programa Silvio Santos para as redes Globo e Tupi. Em rápida ascensão, tornou-se produtor e diretor de programas, tendo dirigido os primeiros anos do sucesso Domingo no Parque, mantendo sempre a mesma simplicidade e humildade que lhe foram inerentes durante toda a vida.
No final da década de 1970, torna-se diretor de programação da TVS Rio, canal 11 do Rio de Janeiro e, posteriormente, com a formação do SBT em 1981, manteve-se no cargo, implantando e ajustando a grade nos primeiros anos da emissora.
Em 1987, Magrão assume um novo desafio, e inicia uma parceria que duraria mais de 15 anos: ao lado de Gugu Liberato, deu cara nova ao já bem sucedido Viva a Noite, criando quadros que marcaram a história da TV brasileira como o Rambo Brasileiro, Eles e Elas, Castigo do Dia, dentre outros.
A parceria de sucesso levaria Magrão a dirigir outros programas de Gugu como Super Paradão, Sabadão Sertanejo, Paradão, Sabadão e, em 1993, o Domingo Legal, onde a criatividade e a competência de Magrão e Gugu, fizeram deste um dos grandes marcos da TV, que permanece até os dias atuais como uma das mais bem sucedidas e queridas atrações do público que assiste à televisão aos domingos, liderando a audiência e estando entre os preferidos do mercado publicitário.
Em 2007, após um breve período fora, Magrão retorna à casa para a nova versão de Viva a Noite, e em 2008 implantar e dirigir o primeiro ano do Novo Programa Silvio Santos, tendo sido escolhido pelo animador para conduzir a nova atração, pela autoridade na programação dominical da TV.
No ano seguinte, uma nova parceria de sucesso é formada: Magrão e Celso Portiolli conduzem juntos respectivamente na direção e na apresentação a nova fase do Domingo Legal, que logo de cara, agrada ao público e mantem a emissora líder na tradição de reunir a família brasileira para o almoço de domingo.
Magrão também teve seu próprio programa na TV Gazeta, e dirigiu atrações na Band. No SBT também esteve à frente na direção de Show de Talentos, Uma Hora de Sucessos, Sabadão com Celso Portiolli e a versão carioca de Sessão Premiada, entre outros. Além disso, não raro é encontrarmos profissionais que tornaram-se grandes expoentes do SBT e de outras emissoras, que passaram pela ‘Escola Magrão’ de se fazer TV.
Para nós do SBT, a perda de Magrão causa imensa tristeza pela ausência que sentiremos do querido amigo, do confiável parceiro e do inspirador profissional. Sempre tinha uma divertida anedota pra contar no almoço, com seu jeito bonachão e risonho, uma presença leve, daquelas que a gente quer sempre ter por perto. Sempre tinha a solução para um irresolúvel problema. Sempre tinha um abraço para um delicado momento.
Toda a diretoria do Sistema Brasileiro de Televisão, seus amigos e colegas, prestam total solidariedade à sua esposa Mara e a seu filho João Gabriel, desejando que, neste difícil momento, Deus possa confortar seus corações.”