Coordenador do Santos, Alexandre Gallo se desculpa por queda: “Muitos problemas técnicos”

  • 7 de dezembro de 2023

Alexandre Gallo, coordenador de futebol do Santos, foi o único profissional do clube a conceder entrevista após o rebaixamento da equipe para a Série B do Brasileirão. O Peixe foi derrotado pelo Fortaleza por 2 a 1 nesta quarta-feira, na Vila Belmiro, vai jogar a segunda divisão nacional em 2024 pela primeira vez.

Abatido, Gallo pediu desculpas ao torcedor e disse ter feito tudo o que estava ao alcance dele.

– Noite histórica péssima. A primeira coisa que temos de fazer é pedir desculpa, com bastante humildade, porque somos um clube desse tamanho, com essa camisa, esse peso, a gente sabe que é uma coisa que marca muito. Não esperávamos que isso fosse acontecer. Fizemos o possível e o impossível para que a gente pudesse pontuar mais – disse o profissional, contratado em agosto para substituir Falcão.

– Tudo dentro da legalidade nós fizemos. Infelizmente, não foi a pontuação necessária. Inicialmente, é isso. Peço desculpas ao nosso torcedor. A nossa mágoa é muito grande, além de gostar muito desse clube. Estávamos à frente de um processo que já estava bem difícil. Recuperamos pontos. Conquistamos alguns pontos importantes, jogos fora de casa, para chegar até aqui e ter nas nossas mãos a condição de defender o clube. Mas infelizmente não aconteceu – complementou Gallo.

Em diferentes momentos da entrevista, o dirigente admitiu falta de qualidade do elenco.

– A equipe tem muitos problemas técnicos. E não pudemos fazer essa correção porque só podíamos contratar jogadores que estavam sem contrato. Sem transferir a responsabilidade, mas isso é um fato – declarou Gallo.

– O Santos sempre pagou seus salários em dia, nunca teve problema, e não entendia como o Santos não conseguia ter uma equipe técnica de um nível melhor. Porque a camisa do Santos é um atrativo gigantesco. Eu acho que o Santos sempre seria atrativo para qualquer atleta, voltando da Europa, pagando salários em dia. Isso eu não entendi muito. Eu acho que é possível ter uma equipe melhor que tínhamos nesse momento vivendo essa realidade que vivemos. Infelizmente essa falta de qualidade nos trouxe a essa situação agora.

O Santos terminou o Brasileirão com 43 pontos, na 17ª colocação. Desde o início do campeonato, a equipe frequentou as últimas colocações. No segundo turno, o Peixe conseguiu esboçar uma reação, mas terminou a competição com uma sequência de cinco partidas sem vencer.

– Tivemos dois momentos em que saímos cinco pontos da zona de rebaixamento. O que acontece é que os adversários conseguiram recuperar os pontos perdidos e não conseguíamos escapar daquela pressão. E aconteceram coisas importantes que temos um elenco grande, mas estávamos jogando com 15, 16 jogadores. E esse desgaste, como com o Rincón, que novamente teve uma lesão, isso aconteceu porque jogamos com 15, 16 jogadores só. Quando alternávamos, saíamos desse grupo de 15, 16, o nível abaixava muito tecnicamente – analisou Gallo.

Na partida derradeira, contra o Fortaleza, o Santos saiu atrás no placar, buscou o empate, mas sofreu o segundo gol nos minutos finais. Já os concorrentes diretos, Vasco e Bahia, venceram seus compromissos contra Bragantino e Atlético-MG, respectivamente, e conseguiram escapar da queda.

– Sentimos que a pressão psicológica foi desgastando, tentamos retomar com muita determinação ali dentro, fazendo o possível para que pudessem ter essa força ali nessa retomada. Mas não conseguimos. Não foi possível e infelizmente aconteceu – opinou o coordenador do Peixe.

Questionado sobre por que o Santos teve tanta dificuldade para vencer as partidas em casa, Gallo foi sincero:

– Porque você tem que construir o jogo e não tem qualidade para isso.

Veja outros trechos da entrevista coletiva de Gallo:

Marcelo Fernandes

– O Marcelo não veio porque o momento é trágico, importante, e eu acho que não é o momento de dar explicações técnicas com o que acontece no jogo. Eu fiquei muito p… com o que aconteceu. Muito p…. Porque a responsabilidade é de todos. O Santos não pode ter um Santos dentro do Santos. Eu descobri muita coisa errada no Santos, em todos os segmentos. Estou preparado para isso. Eu não podia tomar qualquer outra situação que fosse focar no campo. Conforto aos atletas, treinador. Toda a condição que os atletas têm em grandes clubes, o Santos deu. Tomamos ações necessárias, pagando premiação que ninguém paga hoje em dia. Mas o que eu vi no vestiário foi todo mundo bastante estarrecido com tudo o que aconteceu. E eu muito p… com essa situação. Essa camisa não merece isso. Essa camisa é gigante. Sem transferir para ninguém, acho que nós todos temos de assumir essa responsabilidade e seguir em frente.

Atraso de Marcos Leonardo e Jean Lucas

– Eu acho que o que foi negativo é que temos uma relação excelente os atletas e não consigo entender o que aconteceu na anti-véspera de um jogo importante como contra o Athletico. Isso eu sinto muito. Talvez tenha sido uma falta de equilíbrio da parte deles, que causou um desconforto, um desgaste muito grande num momento delicadíssimo nosso.

– As questão de sexta-feira me incomodou muito. Porque não era a hora disso tudo acontecer, disso tudo vazar. O Santos é um time que eu trabalhei em muitos clubes grandes, e aqui vaza tudo.

O que faltou?

– Faltou pontuação. Se faz uma avaliação da chegada do Marcelo, o nível de pontuação é excelente. Quando perdemos para o Cruzeiro, fiquei a madrugada inteira acordado e falei com três treinadores. Por volta de 9h, fizemos uma reunião com o presidente e o Dagoberto. Pegamos a tabela naquela situação, vimos que teríamos Flamengo, Palmeiras, Botafogo, Bahia, Corinthians fora… Se o Bahia ganha da gente, iria abrir sete pontos. Ali vimos um momento bastante delicado e foi emblemático o que aconteceu em Salvador. Entendemos que o Marcelo teria condição de seguir. E foi assim que a gente entendeu que o Santos poderia ter essa condição.

– Evidente que se a gente tem duas vitórias a mais no primeiro turno… No Campeonato Brasileiro, você não cai nas 15 últimas rodadas. Você cai no todo. Pontos corridos é um percentual de aproveitamento. E começou de uma maneira bem ruim. Não foi bem. Os últimos três anos têm sido assim. Tanto do Estadual quanto do Brasileiro. Eu não posso reclamar de absolutamente nada desses dias em que estive aqui, tudo o que foi colocado para o presidente ele nos deixou fazer no futebol.

O que mudar para 2024?

– Melhorar as escolhas. O futebol é feito de escolhas. Se eu falo que temos problemas tecnicamente. Temos de melhorar escolhas, principalmente para uma competição específica. O Santos tem de pensar já no Paulista, em ser campeão, se classificar. É tudo feito em cima de escolhas.

– Tentamos melhorar todas as situações, fizemos absolutamente tudo para que a evolução acontecesse, e faltou um ponto. É uma coisa que não devo externar. É uma coisa interna. Tem de existir correções importantes, mudanças importantes. Isso tudo… Claro, respeitando a eleição, que é absoluta, tem de estar à frente sempre, eu tenho isso tudo em mãos. A gente vai conversar. Mas não vou externar. É uma coisa interna nossa.

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