Barroso: Brasil precisa debater segurança e drogas ‘sem preconceitos’
- 17 de janeiro de 2024
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luis Roberto Barroso, defendeu nesta quarta-feira, 17, que o Brasil debate “sem preconceitos” a questão da segurança pública, incluindo a sua política de drogas, e disse que o país é seriamente ameaçado pela atuação do crime organizado.
As declarações foram dadas durante um painel sobre a América Latina no Fórum Econômico Mundial em Davos (Suíça). Do evento participaram também o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, e a ministra das Relações Exteriores do Equador, Gabriela Sommerfed – os dois país também são alvos da atuação de grupos criminosos organizados.
“Penso em organizar um grande evento, talvez no Conselho Nacional de Justiça, para nós repensarmos e debatermos a questão da segurança pública no Brasil e a questão das drogas no Brasil sem preconceito, sem superstição, com criatividade, com originalidade e o que seja bom para o Brasil sem copiar modelos alienígenas”, disse.
“Acho que mais recentemente tem se agravado o problema da segurança pública e da violência, e acho que precisamos incluir essa preocupação na agenda, em especial na agenda progressista”, afirmou. O ministro acrescentou, ainda, que “o pensamento progressista sempre negligenciou em alguma medida a questão da segurança pública, atribuindo-a tão somente à pobreza e à desigualdade, o que é um fato, mas pobre também precisa de segurança pública e nós nos atrasamos”.
Amazônia
Para o ministro, um dos problemas mais preocupantes do país hoje é a presença de facções criminosas, inclusive de outros países, na Amazônia. “O Brasil corre risco de perder a soberania da Amazônia, não para outros países, mas para o crime organizado”, afirmou o presidente do STF.
Ele elencou um rol de crimes ambientais — extração ilegal de madeira, mineração ilegal, grilagem de terras e queimadas ilegais — e somou a eles o tráfico de drogas. “Agora, a Amazônia também passou a ser rota do tráfico, de modo que o Brasil precisa se conscientizar de que nós temos que ter uma política de segurança pública mais abrangente e isso repercute sobre o Poder Judiciário e é uma preocupação relevante que eu tenho”, disse.
Guerra que nós estamos perdendo
De acordo com o ministro, o país precisa reagir contra o avanço do crime organizado. “Essa é uma guerra que nós estamos perdendo. De modo que não importa a visão de cada um sobre o endurecimento da repressão ou sobre as experiências de legalização que há em outros países. Seja qual for o caminho que se escolha, nós temos que partir do pressuposto que o que nós estamos fazendo não está dando certo. E o maior problema que eu vejo é o domínio que o tráfico exerce sobre muitas comunidades pobres do Brasil”, afirmou.