‘Vou vencer a eleição com ou sem Bolsonaro’, diz coach Pablo Marçal
- 10 de junho de 2024
O mais recente outsider a pleitear o comando da maior e mais rica cidade do país já experimentou o gosto de ser eleito deputado federal, com mais de 243 mil votos, mas foi impedido pela Justiça de assumir o mandato. Em novembro de 2022, o coach e influenciador digital Pablo Marçal, famoso por suas palestras de autoajuda, teve o registro de sua candidatura indeferido, em ação classificada por ele como “perseguição política”.
De lá para cá, trocou o Pros pelo Solidariedade, depois foi para o DC (Democracia Cristã) e, finalmente, conseguiu legenda no PRTB para lançar-se novamente às urnas. “Eu vou vencer a eleição e sem segundo turno. A minha entrada cancelou o segundo turno”, declarou após pesquisas apontarem seu nome tecnicamente empatado com a deputada federal Tabata Amaral (PSB), o apresentador José Luiz Datena (PSDB) e o também deputado Kim Kataguiri (União Brasil).
Disposto a rivalizar com a esquerda, representada na corrida pelo deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), Marçal tem forçado uma proximidade com Jair Bolsonaro para tentar embolar o campo da direita, até então unificado em torno do prefeito Ricardo Nunes (MDB). Na quarta, o coach encontrou o ex-presidente em Brasília, mas, segundo interlocutores, ouviu dele que nada muda em relação ao apoio já dado ao emedebista. “Vou vencer a eleição com ou sem Bolsonaro”, afirmou Marçal, em entrevista a VEJA. Confira outros trechos a seguir:
Como avalia as pesquisas que o colocam já na terceira posição, em empate técnico com Tabata, Datena e Kim? Acho que é recall da disputa da Presidência (Marçal chegou a se lançar em 2022, mas o Pros retirou sua candidatura antes das eleições para apoiar Lula) e da campanha que fiz para ser eleito deputado por São Paulo. E acredito também que esses votos se devam ao fato de eu não ficar falando só de política, mas de outros assuntos, como espiritualidade e crescimento pessoal.
As pessoas o consideram um político de direita por ter apoiado Bolsonaro em 2022. É como se identifica? Não gosto de rótulos, mas, se for obrigado a ter um rótulo, eu seria, sim, de direita. As pessoas me identificam dessa forma, mas sou também do social. Não sou a favor do estado mínimo ou máximo, por exemplo, mas do suficiente. Estou ajudando a construir uma comunidade na África para 2.000 pessoas. Vou todos os anos a Camizungo (Angola), onde temos um projeto social que pode ser replicado em todo o mundo, especialmente em São Paulo.
Qual é o seu projeto para São Paulo? A gente precisa mudar a mentalidade das pessoas em primeiro lugar, depois investir muito no trabalho voluntário. Em 30 dias de tragédia no Rio Grande do Sul, mandamos 140 carretas com suprimentos para lá. Eu me entreguei de verdade e vamos seguir, agora com a fase da reconstrução. Também vou investir muito na Guarda Municipal e na educação. Toda empresa da cidade terá de ter um braço educacional. Isso será inovador.
Qual avaliação que o senhor faz sobre a gestão Ricardo Nunes? Nunes é uma boa pessoa, mas São Paulo não quer ficar do jeito que está. Ele tem baixa energia para governar.
Mas as pesquisas o colocam em primeiro lugar, empatado com Boulos. O sonho dele (Nunes) é ir para o segundo turno com o Boulos, mas eu vou vencer a eleição e sem segundo turno. A minha entrada cancelou o segundo turno. Nunes vai perder assim como o (Rodrigo) Garcia perdeu o governo estadual, mesmo com a máquina na mão.
Há alguma chance de o ex-presidente Jair Bolsonaro lhe apoiar? Bolsonaro é um selvagem político. Dificilmente ele será domesticado pelo MDB, que faz parte do governo Lula. Eu estive com ele em 2022, doei dinheiro para a campanha e sou o único com quem ele tem um pouco de afinidade. Mas vou vencer a eleição de qualquer jeito, com ou sem Bolsonaro.