“Estreante” do breaking, Paris tem centro cultural dedicado ao hip hop

  • 20 de julho de 2024

À primeira vista, pode não parecer, mas Paris é o lugar ideal para receber a primeira competição de breakdance dos Jogos Olímpicos. A estreia da modalidade ocorre na capital de um dos países que mais abraçou o hip hop em todo o mundo, com uma indústria pujante e artistas de rap nos topos das paradas. Não por acaso, Paris é sede de um centro cultural inteiramente dedicado ao hip hop, o La Place.

“Nós organizamos todos os anos uma grande batalha de breakdance que é a ‘Chill in the City’, e nesse ano trabalhamos junto da prefeitura de Paris para organizar as batalhas de breakdance da Olimpíada dos Bairros, com a final que vai acontecer num estádio de futebol”, conta Julien Cholewa, diretor do centro cultural.

Na direção do centro desde 2020, Cholewa explica que a relação com o breakdance e o centro cultural comprova esse contato tão forte entre Paris e a mais nova modalidade olímpica. “A gente acompanha o trabalho da Valentine Nagata Ramos, uma das principais dançarinas de break do mundo e uma das juradas da competição de breakdance nos Jogos Olímpicos”, diz o especialista.

Situado no centro da cidade, numa região descrita pelo escritor Émile Zola como “a barriga de Paris”, o La Place é um espaço multidisciplinar que abriga os quatro pilares do hip hop: rima e batida, por meio do rap e da produção musical, artes visuais e, é claro, a dança. 

“Aqui temos espaço para música, principalmente rap, mas também DJing, beatbox e outros, dança, claro, com todas as formas de dança hip-hop que podem existir, seja em forma de batalha, de festa ou de criação coreográfica, e também artes visuais, como o graffiti em forma de performance ou murais”, explica Julien Cholewa, diretor do centro cultural.

Voltado tanto para fãs quanto para artistas em formação, o La Place é um dos poucos equipamentos culturais do tipo no mundo com toda sua estrutura pensada para o hip hop. O centro conta com duas salas de espetáculo: uma delas, tem um palco largo, que favorece apresentações de breakdance, e a outra segue um modelo tipo arena, sem palco, apropriado para batalhas de dança.

Outro elemento de destaque são os estúdios: três grandes salas e quatro cabines menores voltadas à produção musical e ao treinamento de DJs. “​​Temos um grande foco nos jovens artistas, nomes em ascensão, especialmente aqueles que já estão se encaminhando para uma trajetória de desenvolvimento profissional”, diz Cholewa.

Neste ano, o centro cultural também recebeu a convenção Le 2P, voltada a profissionais da cultura que trabalham com hip hop. Um dos temas chaves da conferência foi justamente a chegada do breakdance aos jogos olímpicos. “A gente debateu todos os questionamentos que isso trouxe para os dançarinos, para o hip hop na França, como seria a organização da competição, entre outros temas”, afirma o diretor.

O espaço também conta com um bar anexo a uma das salas de espetáculo. A parede ao lado do caixa exibe fotos de todos os rappers que já pisaram por ali — uma constelação para fãs do hip hop francês. De certa forma, é também a continuação de uma tradição local: o centro de Paris foi um dos espaços onde o hip hop nasceu na França, assim como foi o centro de São Paulo para o hip hop brasileiro.

“A gente está bem no centro de Paris, na encruzilhada dessa cidade, e aqui sempre foi um local histórico do hip hop: aqui sempre se encontram os dançarinos de break, as lojas de disco de rap eram aqui, as lojas de roupa”, explica Cholewa. “Eu mesmo me lembro que quando eu era mais jovem, vinha aqui comprar discos e encontrar outros fãs de rap.”

As disputas de breakdance dos Jogos Olímpicos de Paris 2024 serão nos dias 9 e 10 de agosto na Place de La Concorde, região que fica a apenas dez minutos de distância do centro cultural La Place e vai receber outros esportes recem-chegados ao certame — caso de skate e basquete 3×3

VITRINE DO CARIRI
Com CNN Brasil.

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