Bolsonaro teve 6 encontros com suposto informante da Receita

  • 21 de julho de 2024

Um coronel da reserva do Exército, que se reuniu ao menos seis vezes em encontros privados com Jair Bolsonaro (foto), em 2019, nos palácios do Planalto e da Alvorada, é apontado como o informante citado pelo ex-presidente na reunião sobre o caso das rachadinhas envolvendo Flávio Bolsonaro, segundo relatos feitos à Folha de pessoas que acompanharam de perto esses eventos.

No áudio da reunião de articulação para proteger o senador Flávio Bolsonaro de denúncias sobre rachadinha, o agora ex-presidente Jair Bolsonaro se ofereceu para conversar com as autoridades da Receita Federal e da Previdência responsáveis pelas investigações sobre o filho 01.

O áudio, descoberto por policiais federais, teve seu sigilo levantado na segunda-feira, 15 de julho, pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

A reunião ocorreu em 25 de agosto de 2020. Naquele dia, o então presidente da República afirmou que quem passava as informações para ele era “um coronel do Exército”. 

“Bolsonaro menciona ter esquecido o nome, momento em que Augusto Heleno diz saber quem é a pessoa, mas também demonstra certa hesitação em lembrar. Então, fala ‘Magela’, o que é repetido por Bolsonaro”, afirma a Folha.

Pessoas que acompanharam o caso de perto disseram ao jornal que a referência, na verdade, é a “Marsiglia”, sobrenome do coronel reformado do Exército Carlos Alberto Pereira Leonel Marsiglia.

A agenda pública de Jair Bolsonaro na Presidência revela que, no primeiro semestre de 2019, ele recebeu o coronel Marsiglia em seis ocasiões, cinco delas a sós, nos palácios do Planalto e da Alvorada. Esses encontros ocorreram mais de um ano antes da reunião de 2020 gravada em áudio.

Marsiglia é irmão de um auditor da Receita do Rio de Janeiro que, junto com outros colegas, estava em litígio com o órgão. O caso desse auditor estava sendo utilizado pela defesa de Flávio Bolsonaro para tentar sustentar a tese de acesso ilegal do Fisco aos dados.

Áudio foi gravado por Ramagem

Segundo a PF, a gravação foi feita pelo hoje deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), então diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Participaram da reunião, além de Bolsonaro e Ramagem, o general Augusto Heleno, então chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e as advogadas Luciana Pires e Juliana Bierrenbach, representantes de Flávio.

Na visão do ex-presidente, o gesto foi uma traição, já que Ramagem era do chamado “núcleo duro” presidencial. Ele frequentava a residência de Bolsonaro e constantemente participava das peladas de futebol organizadas pelos filhos Flávio e Eduardo.

A reportagem apurou que o senador Flávio Bolsonaro tem relativizado o ‘grampo’ do aliado político. Ele tem dito que o fato já era de conhecimento da família – isso antes das bênçãos de Jair Bolsonaro à pré-candidatura de Ramagem à prefeitura do Rio de Janeiro.

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