Após pedir para ser cobrado por gol do Flamengo no Uruguai, Tite diz: “Não era promessa, eu projetei”

  • 27 de setembro de 2024

O Flamengo não tirou o empate por 0 a 0 do placar com o Peñarol no estádio Campeón del Siglo, na noite desta quinta-feira, e foi eliminado nas quartas de final da Conmebol Libertadores. Em entrevista coletiva após a partida, Tite foi questionado sobre sua declaração de que a equipe rubro-negra faria gols no Uruguai.

– Eu projetei. Senão é promessa, eu acerto… Sei lá, tudo. Eu projetei. Eu coloquei “prometo” ou eu projetei? Você está me cobrando e tem todo o direito, mas eu não prometi. Promessa é uma coisa “pá” (faz barulho com a boca acertando a mão na mesa). Eu não sou futurista. Eu disse que iríamos colocar isso, e era o objetivo criar e fazer. Nesse aspecto sim. Só que promessa não foi. Projetei, sim, trouxe responsabilidade para mim, sim; era para fazer gol, sim… Tudo isso, só o termo não é.

– Imaginava, sim, que com a metade das oportunidades, mas não aconteceu. Criou um número grande também. Houve alguns detalhes importantes: a boa performance do goleiro de novo e precisão nossa em alguns momentos de apressar o processo. Mas um volume grande que colocou e talvez a efetividade tenha feito a diferença.

Perguntado sobre o motivo para um técnico qualificado não conseguir fazer um elenco também qualificado jogar melhor, Tite citou vários pontos no contexto, mas apontou como principal a perda de Pedro, que vinha sendo o artilheiro do Brasil em 2024 e se lesionou gravemente na Seleção.

– Temos que olhar um contexto muito amplo. Houve momentos: a gente chegou para conseguir se classificar para a Libertadores de forma direta, e nós conseguimos. Ser campeão carioca, nós conseguimos. Disputar as três competições, porque o Flamengo tem essa necessidade. Aí, tivemos uma série de jogadores convocados para a Seleção, teve o Brasileiro… Esse é o primeiro “não” dos objetivos. O mais importante dos objetivos, eu concordo (Libertadores).

– Mas também teve em cima de um calendário com uma série de dificuldades que nós tivemos. A maior delas, volto a dizer, pela moldagem da equipe, foi o Pedro: o jogador de área, da infiltração, com as características dele, não estou falando em demérito aos demais. A estrutura ofensiva se perdeu um pouco, a gente tentou com o BH, o retorno do Gabi, Carlinhos… No produto final, ela (equipe) não fez o que deveria ter feito.

Veja outros trechos da coletiva:

Avaliação do trabalho na Libertadores

– Não tenho condição de falar agora, é um contexto muito grande. Eu não tenho essa capacidade de análise. O que eu tenho pra te falar é que faltou precisão nesses momentos de definição, para transformar um maior número de oportunidades em gol. Isso que eu tenho em relação a esses dois jogos. Já em uma análise mais ampla, a gente perdeu quase 60 gols no ano, em uma equipe que estava estruturada para jogar em volta do 9, do Pedro, um jogador de infiltração, de área, de bola aérea, de quando as equipes se postam lá atrás.

Entrada de Gabigol

– Qualquer que seja a observação, não coloca o Gabi é porque não colocou o Gabi. Coloca o Gabi, é porque colocou o Gabi. Depois que terminou o jogo é muito fácil falar. O que tínhamos era opção de jogadores com movimentação sincronizada com o BH por vezes por dentro, por vezes por fora. Aí tem um jogador de área também para chegar, como foi o lance, também é importante. Aí todas as observações sem fazer gol vão ter razão, diferente da que aconteceu porque nós não fizemos o gol.

Entrada de David Luiz

– Quando nós o colocamos, ele deu uma saída de bola e já era programado que nos minutos finais ele poderia (ir para o ataque) porque tem uma qualidade de cabeceio muito grande, tanto de bola parada quanto de bola andando. O momento do Carlinhos não é bom, então para esse momento decisivo, esses 10, 15 minutos que tivesse um jogador de área, inclusive de bola parada. Que tivesse com o Gabi em movimentação, os dois enfiados para que pudesse ter esse jogador de bola aérea.

Faltou repertório?

– Quando se tem três jogadores importantes, faltou uma efetividade maior. Talvez tenha faltado um repertório. E talvez tempo maior para que se pudesse coordenar movimentos do Plata. Organizar movimentos, sim. Porque nós perdemos três jogadores titulares (Pedro, Cebolinha e Luiz Araújo) que se deram 60 gols no ano. Para mim, a característica do Pedro foi a mais importante para poder circular em volta dele. Tanto com infiltrações quanto com bolas de fundo e jogada de combinações que ele tem.

Faltou contratar centroavante?

– A direção trouxe todos e tudo que foi possível e que foi prometido. Tudo. O que aconteceu é que houve acidentes, do tamanho de quatro jogadores… O bom senso. Olha o que a gente perdeu: Pedro, o goleador da equipe; Cebolinha no melhor momento da carreira dele; Luiz (Araújo) da mesma forma; Viña que vinha também trabalhando… Mas esses três homens-gol… E tempo, porque aí fomos atrás de buscar o mais rápido possível. Michael…

– Teve acidentes de percurso, e buscaram, mas não deu tempo de entrosar. Talvez se tivesse uma efetividade maior hoje pudesse acontecer. Talvez um repertório mais, talvez. Talvez as substituições que poderiam ser feitas por vocês e não por mim. Talvez. Se faz o gol no último lance que o goleiro faz a defesa, daqui a pouco a coisa se transforma. Futebol tem isso. Mas criou, botou volume. Faltou um gol.

Restante do ano

– Persistência e trabalho. Sem promessa. Promessa é de dar o melhor, de dignificar independentemente do resultado o papel de estar técnico do Flamengo. A dignidade de um profissional não se mede por resultado. Eu tenho essa percepção muito clara, inclusive de respeito a vocês nessa condição. Sei que vocês têm que elogiar ou criticar, é o trabalho de vocês. Mas eu não vou me furtar da minha condição ética e da persistência do trabalho em cima de resultado. Então persiste, busca situação que seja melhor para dar ao torcedor alegria também. Nós queremos dessa forma.

Falta de finalizações

– Objetivo é traduzir o melhor futebol em objetividade. Sintetizando, sim. Efetividade ganha jogo, por vezes com número de chances menor. Tem que ser mais efetiva, mais contundente, mais vertical.

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