Ricardo Coutinho é mais um petista a contrariar o partido e declara neutralidade no segundo turno das eleições em João Pessoa

  • 14 de outubro de 2024

O ex-governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, anunciou neste domingo (13) sua decisão de se manter neutro no segundo turno das eleições municipais em João Pessoa, contrariando a orientação da Executiva Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT). O partido havia determinado apoio à candidatura de Cícero Lucena (Progressistas) como estratégia para barrar o avanço do bolsonarismo, representado pelo adversário Marcelo Queiroga (PL), candidato de oposição. A decisão de Coutinho o coloca em desacordo com a linha partidária.

Ricardo Coutinho justificou sua neutralidade argumentando que não vê diferenças substanciais entre as duas candidaturas. “Não preciso de muitas palavras para dizer que não consigo me encaixar em nenhuma dessas duas candidaturas”, afirmou. Ele destacou que sua decisão reflete uma “objeção de consciência” e que não poderia apoiar nem Cícero Lucena, nem Marcelo Queiroga, a quem ele criticou fortemente por sua ligação com o bolsonarismo e o histórico político local.

O ex-governador também atacou a aliança de Cícero Lucena com o governador João Azevêdo, afirmando que o grupo governista tem uma relação “perigosa e nefasta” com facções criminosas que atuam nas periferias de João Pessoa. Segundo Coutinho, essa estrutura criminosa foi utilizada em campanhas eleitorais anteriores, o que compromete tanto Cícero quanto seus aliados. “Não posso rebaixar meus sonhos, que são possíveis, trocando-os pela inutilidade de um voto em alguém que é um bolsonarista convicto e que adicionou a essa condição uma relação perigosa e nefasta com as facções criminosas que controlam as periferias da nossa Capital sob o olhar complacente e conivente do aliado de Cícero, João Azevêdo”, declarou.

A decisão de neutralidade de Coutinho segue o mesmo caminho adotado pelo ex-prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo, que também optou por não apoiar nenhum dos candidatos no segundo turno. A postura de ambos os políticos indica uma divisão entre lideranças locais, mesmo em um momento em que o PT busca fortalecer a unidade de suas bases para conter a extrema-direita.

A Executiva Nacional do PT, que na última semana havia convocado seus membros a se engajarem na campanha de Cícero Lucena, deve avaliar os impactos da decisão de Coutinho. A orientação do partido visava especificamente combater Marcelo Queiroga, apontado como representante das ideias de Jair Bolsonaro, com quem manteve uma relação estreita durante o governo do ex-presidente. No entanto, a postura de Coutinho, que tem forte influência entre setores progressistas na Paraíba, pode fragilizar a tentativa de unidade da esquerda no segundo turno.

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