Plano golpista indica que presidente Lula seria morto envenenado, diz PF

  • 20 de novembro de 2024

Uma operação da Polícia Federal, que prendeu quatro militares, nesta terça-feira (19), e um policial suspeitos de tramar um golpe de estado no final de 2022, afirmou que o grupo planejava matar o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes. O plano indica que o presidente seria morto com veneno ou remédio.

De acordo com a PF, os materiais recuperados do celular do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro e dos presos revelaram a intenção de “eliminar”, antes da posse, Lula e Alckmin – tratados com os codinomes “Jeca” e “Joca”.

O plano detalhado pela Polícia Federal indica que o presidente seria morto com veneno ou remédio, aproveitando as idas dele a hospitais. Segundo a investigação, o planejamento era assassinar Alckmin para que ninguém da chapa vencedora assumisse.

O então presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Alexandre de Moraes, também seria, nas palavras dos investigados, “neutralizado”. O atentado seria cometido em São Paulo ou mesmo em um evento público em Brasília.

Os militares presos fizeram um grupo no aplicativo “Signal” chamado “Copa 2022” para combinar as ações. Moraes era monitorado desde novembro de 2022. No dia 15 de dezembro, a documentação da PF aponta que a intenção era executar o plano: deter ilegalmente o ministro.

Um print mostra a ação dos agentes em campo. Ás 20h33, um dos integrantes avisa que estava posicionado no estacionamento do Parque da Cidade, em Brasília, e a pergunta: “qual a conduta?”. Em seguida, a resposta: “Aguarde”;

Às 20h57, outro membro afirma, também pelo aplicativo de mensagens, “to perto da posição, vai cancelar o jogo?”. Dois minutos depois, vem o comando: “Abortar, Áustria… volta para o local de desembarque… estamos aqui ainda”.

O relatório encaminhado ao Supremo aponta que tudo foi combinado em uma reunião na casa do General Braga Netto, candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro. A apuração cita que os assassinatos eram parte de uma operação chamada pelos investigados de “Punhal Verde e Amarelo”.

De acordo com a PF, uma lista de metralhadoras, fuzis, pistolas, lança granadas, total de munição e bazucas foi feita para que os armamentos pudessem ser utilizados. Houve, também, uma avaliação de riscos do golpe: êxito, médio, tendendo a alto e danos colaterais, ou seja, a morte de outras pessoas além dos alvos, muito alto.

Segundo a investigação, todo o plano foi impresso dentro do Palácio do Planalto pelo ex-general da reserva Mário Fernandes, preso hoje. Ele era secretário executivo da Secretaria Geral da Presidência de Bolsonaro.

A impressão foi feita no dia 6 de dezembro de 2022, às 18h09, horário em que, de acordo com a PF, Jair Bolsonaro e Mauro Cid estavam no prédio.

Além de Mário Fernandes, foram presos também os tenentes coronéis Hélio Ferreira Lima, Rodrigo Azevedo e Rafael Martins, envolvidos na trama, segundo a PF. Eles são da companhia de Forças Especiais do exército, um grupamento de elite da corporação, os chamados “kids pretos”.

Mário Fernandes seria o ponto de ligação com os manifestantes no acampamento em frente ao QG do exército.

Depois do plano de golpe, a segunda fase, encontrada em uma minuta com o militar, entraria em curso. No caso, seria a formação de um gabinete de gestão e crise, para lidar com as consequências dos atos.

O órgão seria comandado pelos generais da reserva e ex-ministros de Bolsonaro, Braga Netto e Augusto Heleno. Eles também estão sendo investigados.

Com os detidos, também foi identificado e preso Wladimir Soares, um policial federal que fazia parte da equipe de segurança de Lula e repassava ao grupo informações sobre o presidente. Delegados afirmam que ele disse, em mensagens enviadas, que aguardava apenas uma “canetada” para, nas próprias palavras, defender Jair Bolsonaro e o Palácio.

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