CPMI rejeita convocação de Gonçalves Dias e Flávio Dino para dar explicações sobre o 8 de janeiro

  • 13 de junho de 2023

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista que investiga os atos de vandalismo na Praça dos Três Poderes rejeitou, nesta terça-feira (13), o pedido de convocação do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Gonçalves Dias. O requerimento de convocação do ministro da Justiça, Flávio Dino, também foi rejeitado pela maioria dos parlamentares.

Dias era o chefe da segurança do Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro e pediu demissão do cargo depois do vazamento de imagens em que ele aparece circulando pela sede do Poder Executivo entre os invasores, durante a manifestação. Já Flávio Dino é acusado por parlamentares da oposição de omissão durante os atos antidemocráticos.

 

Outro nome que foi poupado de dar explicações na comissão nesse primeiro momento foi o de Ricardo Cappelli. O requerimento que pediu que ele comparecesse à comissão, na condição de convidado, foi retirado da pauta após pressão da ala governista. Cappelli foi o responsável por fazer a intervenção federal na segurança do DF e é atualmente o ministro interino do GSI.

No caso de Gonçalves Dias, havia ao menos dez requerimentos de convite ou convocação na pauta da CPMI, todos protocolados por parlamentares da oposição. No entanto, a convocação de Dias sofreu resistência por parte dos governistas, que votaram contra o comparecimento do general ao colegiado.

Para a relatora do colegiado, Eliziane Gama (PSD-MA), a investigação precisa seguir uma ordem cronológica. “No plano de trabalho, eu cito o Gonçalves Dias e outras personalidades que julgo serem [depoimentos] importantes, mas vamos seguir uma lógica. Temos seis meses de trabalho, alguém que eventualmente não foi [convocado] agora, certamente será na segunda rodada, com a certeza de que todos serão ouvidos”, afirmou.

À Polícia Federal, em 21 de abril, Gonçalves Dias afirmou que não teve conhecimento de que o coordenador de avaliações de risco do GSI, coronel Alexandre Santos de Amorim, havia classificado os protestos do dia 8 como de risco “laranja”, o segundo maior, ou seja, de alto risco.

Anderson Torres e Mauro Cid convocados

Até o momento, foram convocados ao menos 30 pessoas para depor na comissão. Entre elas, o ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do DF, Anderson Torres; o tenente-coronel preso pela PF no caso das joias sauditas, Mauro Cid; o ex-chefe do GSI Augusto Heleno; o ex-chefe do Departamento Operacional da Polícia Militar do Distrito Federal Jorge Eduardo Naime; e possíveis financiadores e mentores intelectuais dos atos de vandalismo.

Os parlamentares também aprovaram pedidos de compartilhamento de imagens e registros do GSI, do Senado, da Câmara e do Supremo Tribunal Federal relativos aos atos de vandalismo. Além de aprovarem um pedido de informações expedidos pela Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) sobre a possibilidade de manifestações violentas no 8 de janeiro.

Os pedidos de quebra de sigilo de documentos, de contas bancárias e de ligações telefônicas dos investigados também foram retirados da pauta desta terça. Ainda hoje, o deputado Arthur Maia (União Brasil-BA), presidente da CPMI, deve se encontrar com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes para tratar do compartilhamento de documentos sigilosos relacionados aos atos extremistas. A ideia é acordar a liberação de informações antes de votar pedidos, para evitar conflitos com o Judiciário.

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