Ex-preparador do Flamengo rebate críticas de Sampaoli: “Forma de fugir de suas responsabilidades”

  • 30 de maio de 2023

Em suas coletivas posteriores aos jogos, Jorge Sampaoli tem insistentemente dito que recebeu um Flamengo longe das condições ideais para desempenhar de uma forma compatível com o que entende de alta intensidade. Principal alvo dessas críticas e chefe da preparação física durante a gestão de Vítor Pereira, Mário Monteiro rebateu o argentino e encarou tais declarações como uma forma de não assumir os próprios erros.

– Não concordo de jeito algum com essas críticas porque nós sempre treinamos com alta intensidade. E o Flamengo, acima de tudo, tem um departamento altamente qualificado com muita gente competente, onde sempre monitoramos os nossos treinos. E segundo: acho que isso é uma forma de ele fugir às suas responsabilidades e estar sempre a atacar o preparo físico – afirmou Mário.

Chefe da preparação também da comissão campeã praticamente de tudo de 2019 a 2020 com Jorge Jesus, Mário disse não ter mudado em nada os métodos adotados em relação à passagem que culminou terminou com uma Libertadores, um Brasileiro, uma Recopa Sul-Americana, uma Supercopa do Brasil e um Campeonato Carioca.

– É preciso relembrar que o preparador físico que em 2019 ajudou o Flamengo a conquistar tudo foi o mesmo preparador físico dessa última passagem. Convém salientar que o grupo é excelente, não tenho a apontar a ninguém. Nem sempre as circunstâncias da vida nos permitem os mesmos resultados.

– Não vencemos por variadíssimas razões. Se cada um fizer uma análise sobre quando algo não está certo, nunca há só um culpado. Isso é o mais importante. Quando vencemos, ninguém vence sozinho. Quando se perde, ninguém perde sozinho. Eu sigo vivendo no Brasil como um carioca e flamenguista. Eu assumo minhas responsabilidades. Todos nós, em conjunto, temos que entender o problema e assumirmos o compromisso.

Confira outros tópicos da entrevista com Mário Monteiro:
 

Houve dentro do Flamengo também quem criticasse a preparação física da gestão de Vítor Pereira. A preparação era adequada para a disputa das primeiras competições do ano?

– Meu trabalho nunca foi condicionado pelo treinador Vítor Pereira. Sempre tive liberdade total e sempre consegui fazer o meu trabalho na minha plenitude. É sempre falado sobre os 57* dias de férias dados aos jogadores. Não quer dizer que sejam os dias ideais para uma equipe de alta competição que vai ter um calendário muito exigente com competições logo início. Só que vocês nunca ouviram da nossa parte justificativas derivadas desses 57 dias. Porque assumimos o nosso compromisso, sabíamos o que íamos encontrar aqui, sabíamos quais eram as dificuldades, e o nosso trabalho sempre foi feito em função disso.

– Sempre recorremos a estratégias e ao nosso melhor. Foi tudo o que fiz, acima de tudo, em prol do Flamengo. Nunca chegamos a esse tipo de desculpa, embora eu reconheça que não era ideal, mas assumi de prontidão esse desafio.

*Nota da redação: oficialmente, as férias do elenco do Flamengo duraram de 16 de novembro a 26 de dezembro, total de 40 dias. Só que todo o grupo foi liberado dois dias antes, por conta do feriado em que se comemora a Proclamação da República. Além disso, alguns atletas não foram relacionados para as últimas rodadas do Brasileirão.

Então podemos dizer que, após quatro meses de trabalho, os jogadores do Flamengo estavam preparados para jogar em alta intensidade. Certo?

– Não quero voltar a bater na mesma tecla dos dias de férias, o que tenho a dizer é que uma equipe de alto rendimento como o Flamengo após os quatro meses estava bem mais preparada e ótima para competir. Mais uma vez continuo a dizer que o senhor Sampaoli está equivocado, está querendo atirar areia para os olhos das pessoas, dos sócios, da torcida e da direção. É uma desculpa que ele quer arranjar. E veja a situação que está acontecendo de lesões atrás de lesões, o que não acontecia conosco. Nunca escondendo que nós treinamos com alta intensidade, e isso estão nos registros dos fisiologistas e de toda a equipe que nos deu apoio e suporte.

E uma dúvida ficou em relação à sua chegada ao clube. Muito se dizia que você viria para ficar na comissão permanente, como um coordenador de performance, mas você acabou saindo. Qual era a real situação?

– Desde a minha saída em 2020, sempre houve uma abordagem à minha pessoa sobre uma possibilidade de voltar nessas funções, de ser o chefe da preparação física ou o coordenador (de performance). Porém eu recebi a proposta do treinador Vítor Pereira. Em face à proposta, tudo que vinha lá atrás caiu por terra.

– Em face a um treinador credenciado, com tanto valor e moral, eu aceitei de corpo e alma alinhar meu projeto com o dele. Fui bem claro que se ele saísse, eu sairia diretamente com ele. E isso foi conversado com todo mundo. Portanto não entendo ter saída uma notícia que eu iria para a chefia da preparação. Depois do meu acordo com o Vítor Pereira, isso não foi posto em causa.

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