Claudia Leitte revela que sofreu assédio em ônibus aos oito anos: ‘Tremor na alma’

  • 30 de março de 2023

A cantora Claudia Leitte lembrou uma situação de assédio que sofreu quando tinha apenas oito anos. Ela revelou que, antes de ser famosa, usava muito transporte público e os casos de importunação sexual eram frequentes. “Não é só desrespeitoso, é mais do que isso: é invasivo, é triste, dói. Isso me dá um tremor na alma”, ressaltou.

O assunto veio à tona durante sua participação no Encontro com Patrícia Poeta desta quinta-feira (30) porque o programa ia receber a vendedora Daiane Silva Costa, que registrou o momento em que foi assediada dentro de um ônibus em Belo Horizonte na terça (28).

O agressor fotografou o bumbum da mulher, que percebeu a ação e tomou o celular das mãos dele e o confrontou na frente dos outros passageiros. “Safado, cretino, assediador”, gritou a moça em vídeo que viralizou nas redes sociais.

Daiane, porém, passou a receber ameaças desde que o caso veio à tona e, para sua segurança, não compareceu ao matinal da Globo. Patrícia Poeta, então, questionou se Claudia Leitte já tinha vivido algo parecido.

“Eu já passei por isso no transporte público muitas vezes. Mas [o que aconteceu com] a minha mãe é uma cena que não sai da minha cabeça. Eu e a minha mãe no ônibus, ela me levava pra escola, tinha uma rotina. Eu via muitas coisas acontecendo. Mas uma, mesmo eu muito jovem nunca esqueci”, começou a cantora.

“Ela me colocava sentada e ficava com as mãozinhas em torno de mim para me proteger. Geralmente, horário de rush, hora do almoço, saída de escola, uma movimentação muito grande dentro do ônibus, e minha mãe me protegendo. Um cara encheu o saco da minha mãe de modo muito intransigente, que me assustou profundamente e eu nunca me esqueci da expressão dele.”

“Não bastasse todo aquele constrangimento, ele olhou para mim e disse: ‘Chama ela aí’. Eu nunca me esqueci disso, eu morri de medo. Eu lembro o pavor que eu senti”, lembrou Claudinha.

“Quando eu vi a atitude da Daiane, foi muito corajosa, porque a minha foi de me esconder. A gente sente vergonha, eu devia ter uns oito anos, Patrícia. Mas eu nunca vou esquecer! A gente passa por várias situações, e a gente aprende a se esquivar. A gente se esconde, a gente se omite”, lamentou a cantora.

“Muito embora eu veja isso com tristeza e indignação, eu acho que a gente tem sim que falar. A gente precisa se apoiar, a gente precisa cobrar, tem que ter punição. E precisa ser vista essa punição. Você tocar nesse assunto agora junto com a gente aqui fortalece, a gente sabe que é um passo que a gente precisa dar. Eu tô achando que é passo de formiga, mas é preciso”, ressaltou.

“É importante pelas mulheres de amanhã, eu era uma criança quando passei por isso com a minha mãe. Não é só desrespeitoso, é mais do que isso: é invasivo, é triste, dói. Me dá tremor na alma.”

A atriz Leticia Salles, que vive a fofoqueira Erika em Vai na Fé, também contou um caso que viveu no transporte público. “Já vivi algo parecido com a Daiane. Só que eu não tive a coragem dela. Um rapaz encostando em mim no ônibus também. A gente fica com aquela sensação de ‘não é possível que isso está acontecendo, deve ser mentira'”, lembrou a artista.

“Aí você vai se esquivando, você vai chegando para o lado. Tinha uma outra mulher sentada do meu lado também, pensei: ‘Será que eu comento com ela?’. Eu fiquei sem saber o que fazer, fiquei sem reação. Depois, ele foi para os fundos do ônibus. Quando eu desci, ele estava sentado lá com as pernas abertas, com a calça desabotoada”, continuou Leticia.

“E quando eu desci, eu lembro que as minhas pernas tremiam, porque eu estava revoltada, eu estava com nojo. Eu queria agredir ele, queria gritar. E aí quando eu desci, ele olhou para mim e falou: ‘Tchau, gostosa’. É revoltante!”, se frustrou a atriz da novela das sete.

Para finalizar o assunto, até Patrícia Poeta assumiu que já tinha sido alvo de importunação sexual. “Só muda o endereço, mas acho que todas nós já vivemos isso. Já passei por algo muito parecido também, mais jovem, lá em Porto Alegre, quando eu ia para a escola de ônibus. E a gente fica meio envergonhada, né?”, admitiu.

“O bom é que de 2018 para cá, isso virou um crime. As penas eram brandas, hoje não. Hoje é reclusão, até cinco anos de prisão. E isso é uma conquista”, valorizou a apresentadora do Encontro.

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