Marcius Melhem acusa Dani Calabresa de atrasar Justiça: ‘Assédio que não cometi’
- 21 de março de 2023
O humorista Marcius Melhem, ex-chefe do departamento de Humor da Globo, acusou Dani Calabresa de tentar atrasar o andamento de uma ação judicial que move contra ele por denúncias de assédio. Melhem acredita que já está pagando um preço alto por algo que diz não ter feito.
“Não é justiça. É me prejudicar profissionalmente. São quase 30 meses com a carreira parada esperando uma definição. Tempo maior que a pena máxima do assédio que não cometi”, afirmou ele em entrevista à Folha de S.Paulo nesta terça (21). O próprio Melhem entrou com processo contra Dani por danos morais.
“[A estratégia] É não deixar a Justiça andar, para que não sejam analisadas as dezenas de mentiras, omissões e contradições de uma acusação construída em cima de uma narrativa que não se sustenta”, acusou ele.
Este processo é o avesso de qualquer caso. Primeiro quem é acusado é quem vai para a Justiça. Aí, depois de mais de dois anos, milhares de páginas e dezenas de testemunhas, a defesa das acusadoras não deixa a investigação acabar. Protelam, adiam, manobram. Testemunhas que elas indicam não são achadas, tudo para que o caso tenha um nó jurídico que dê a elas o discurso de que a Justiça é lenta e favorece o homem.
Dani Calabresa foi procurada pelo jornal, mas não se pronunciou em relação às declarações de Melhem. A equipe de defesa da atriz e de outras mulheres que acusaram Melhem de cometer assédio sexual disse que elas não foram ouvidas pela Polícia Civil, órgão que consideram adequado para prestarem depoimentos.
O processo corre em segredo de Justiça, e advogados das mulheres acreditam também que elas não devem dar entrevistas sobre o caso, para evitar exposição desnecessária e divulgação da estratégia que usarão no julgamento.
Mayra Cotta, representante legal das mulheres que acusam Melhem, rebateu as declarações dele: “É lamentável, embora coerente, que o investigado fale em protelação. Quem está respeitando o sigilo e no aguardo da Justiça são as vítimas, em um angustiante e incompreensível hiato que alimenta a estratégia de exposição pública das vítimas, não raro por meio de veículos sérios de imprensa”.
Relembre o caso
Marcius Melhem foi denunciado por assédio sexual e moral, perante a Ouvidoria Nacional da Mulher do Ministério Público, por oito mulheres com quem trabalhava na Globo –entre elas, Dani Calabresa. O caso veio à tona em 2020, e o humorista foi dispensado da emissora em agosto daquele ano.
A parte relacionada a Dani Calabresa teve mais exposição. O desentendimento mais sério entre eles teria começado em 2019, em meio a uma reunião do humorístico Fora de Hora (2020). Segundo a Folha, Dani quis indicar roteiristas de sua confiança, o que não foi aceito por Melhem. Ele teria dito que repensaria a escalação dela para o programa, e a atriz de fato não apresentou a atração.
Mas as questões entre os dois já datam de bem antes disso. A atriz acusou Melhem de beijá-la à força em uma festa em 2017, entre outras denúncias de contatos sexuais constrangedores e não desejados/consentidos, com o agravante de o humorista ser chefe dela na época.
A defesa de Melhem tenta apontar inconsistências nos depoimentos das oito acusadoras, com divulgação, por exemplo, de troca de mensagens de cunho sexual entre ele e Dani. Para os advogados dele, o comediante é vítima de mulheres que se sentiram contrariadas profissionalmente.
As versões de Melhem e de suas acusadoras divergem: a defesa dele tenta mostrar que as relações eram consensuais, e as mulheres apontam que ele teria cometido abusos e promovido situações constrangedoras, vulneráveis e desrespeitosas. Os depoimentos estão protegidos por sigilo judicial.