Tite comenta vaias a Pedro no Flamengo e rebate fama de retranqueiro: “Estigma do gaúcho”
- 21 de fevereiro de 2024
O Flamengo goleou com extrema tranquilidade o Boavista por 4 a 0 na noite desta terça-feira, no Maracanã, reassumiu a liderança do Campeonato Carioca e garantiu a classificação para a semifinal com duas rodadas de antecedência. Mas na primeira resposta de Tite na entrevista coletiva após o jogo o assunto foram as vaias da torcida para Pedro.
O camisa 9 já marcou oito gols em oito jogos em 2024 e vem sendo titular desde o ano passado. Depois de anotar um hat-trick contra o Bangu, Pedro voltou a balançar a rede diante do Boavista, mas perdeu outras boas chances, incluindo um pênalti no segundo tempo antes de ser substituído por Gabigol entre vaias e aplausos. A situação envolvendo a utilização dos dois atacantes é uma preocupação de Tite, que explicou como pretende trabalhá-la:
– Com verdade. Pelo menos, com a minha verdade. Eu também estou pressionado. Minha atividade é exposta, e pressão o tempo todo. O atleta de alto nível também. Alguns torcedores gostam mais de um estilo ou de outro. Parte da torcida não vai querer ter o Tite como treinador, gostaria de ter outro. O que ela vai ter é a dignidade do trabalho, o que eles têm que ter é a dignidade do trabalho, concorrência leal, fazer o melhor e colocar a equipe acima.
São dois grandes jogadores. Quando você tem a 9 ou a 10 nas costas, fica assim. Mas eles têm uma relação de conjunto que é mais importante do que a individualidade — Tite, sobre Pedro e Gabigol
Na coletiva, Tite elogiou o volume ofensivo do Flamengo na partida e aproveitou para rebater a fama de retranqueiro ao ser questionado sobre ter sofrido apenas um gol em 2024:
– Trago o estigma do gaúcho. Eu saí do Rio Grande do Sul ganhando de 3 a 0 do Grêmio de Ronaldinho, Zinho, Roger, Danrlei… No Olímpico empatamos e lá vencemos. A minha história tem título do Grêmio com um 3 a 1 contra o Corinthians entrando com bola e tudo no terceiro gol. No São Caetano tem um 5 a 0 na decisão da ida para a Libertadores. Na Seleção, 2018, melhor momento que ela jogava. Sabe o que acontece? É um pouquinho do gaúcho e de não deixar o trabalho terminar. Como avaliar na metade? Fui campeão mundial enfrentando o Chelsea criando oportunidades e indo para dentro.
– Acho que me mandaram embora do Rio Grande do Sul porque o Caxias jogava apenas com um meio-campista para enfrentar o Grêmio. Quem fala isso, desculpe, não conhece minha história. Aí eu peguei, quando o Corinthians estava para cair, tem que ser competitivo com 14 garotos para fugir do rebaixamento. Peguei o Palmeiras para cair, tinha que fazer uma reformulação extraordinária. Então cuidado com os rótulos, tem toda uma história muito bonita por trás com uma série de quipes jogando bonito. O Inter ganhou de 8 a 1 no Gaúcho e estava 7 a 0 no primeiro tempo. Na Sul-Americana, com 10 homens ganhando do Estudiantes lá que não perdia há 50 jogos.
As pessoas quando rotulam precisam ter um pouquinho mais de cuidado, pegar um histórico todo. O final do trabalho mostra o que você é. Senão fica o estigma do gaúcho — Tite, sobre fama de retranqueiro.
Tite durante o confronto Flamengo x Boavista, na nona rodada do Carioca — Foto: André Durão
O Flamengo hoje tem o melhor ataque e a melhor defesa do Campeonato Carioca: são 18 gols marcados e apenas um sofrido (pela equipe de garotos do Mário Jorge). O Rubro-Negro lidera o Carioca com os mesmos 21 pontos do Fluminense, mas tem sete gols de vantagem no saldo. No próximo domingo, eles se enfrentam em uma espécie decisão antecipada da Taça Guanabara.
Veja outras respostas de Tite:
Encaixe do meio de campo
– Ele (Flamengo) se aproxima (do equilíbrio), tem como objetivo nesse início de formatação. Quando entra um jogador jovem só em uma equipe base já é uma situação diferente. Nós todos estamos ajustando, procurando esse equilíbrio. Em números, o saldo de gols elevado dá o indício de uma equipe equilibrada – disse Tite.
Trio de desfalques
– Mandar um abraço para o Gerson, que a gente está aguardando de braços abertos. As coisas vão se encaminhar bem. Allan em recuperação, o Erick da mesma forma. Quando o problema é saúde é o pior deles. Queremos estar com todos eles em condições, e que a dor de cabeça seja do técnico.
Utilização da base
– Não sou eu, por mais vaidosa que seja a oportunidade, é a base do Flamengo que trabalha bem seus atletas tanto na parte técnica quanto na disciplinar. Só ter cuidado de colocar esses jovens em uma equipe estruturada. A gente procura estruturar para que o atleta venha da base e não tenha um falso negativo ou positivo.
Melhor esquema é o 4-3-3?
– A equipe já está entrosada com os externos, joga sem pensar. A outra vai ter que aprender a jogar sem pensar. É criar rotina. Fez bons jogos assim também. Ter sim o que é importante, que é não jogar de um jeito apenas. Há jogos que que precisa mais de posse, de criatividade, pode jogar com o quarteto. Dá para ter o quarteto no meio e fluir. Futuramente vai ter as duas possibilidades.
De la Cruz mais centralizado
– É uma das possibilidades (como volante). Mas também de não ter uma equipe previsível e ter outras alternativas como a gente colocou com o quarteto no meio. Mas jogou muito e articulou muito.
28 finalizações
– Uma grande atuação na iniciação, no processo de construção média e alta. Eu digo (no intervalo) para transformar em gol, ter mais calma, precisão. Mas é início, o atleta vai tomando melhor ritmo. Os externos estão voando. Bruno Henrique, Luiz Araújo e Cebolinha são sacanagem. Vai criando. O time jogando assim tem que fazer mais gols. Mas verticalizou o tempo todo, buscou o gol, pressionou de forma leal, competiu forte.