21 cidades dependem de chuva para abastecimento de água; 68, de carro-pipa

  • 24 de fevereiro de 2024

No Brasil, 21 cidades têm a água da chuva como principal fonte de abastecimento. Outras 68 dependem de carros-pipa, segundo dados do Censo 2022 divulgados na sexta-feira (23).

Todos esses 89 municípios ficam na região Nordeste e têm cerca de 230 mil habitantes. Em Estrela de Alagoas, a 150 km de Maceió, quase todas as casas têm cisternas para armazenar água da chuva no inverno. Nas outras estações, quando a chuva é escassa, é preciso recorrer a carros-pipa.

“A gente consegue juntar água da bica, da chuva. Tem cisternas que enchem rápido, dependendo do tamanho da casa, quando é muito chuvoso. Quando não, junta pouca água. Aí ,quando a gente precisa, pedimos à prefeitura, que disponibiliza carro-pipa”, conta Jeronias Lageiro, que mora na zona rural de Estrela de Alagoas.

O secretário municipal de Proteção, Defesa Civil e Meio Ambiente de Estrela de Alagoas, Edilson Antônio, explica que, após o inverno, a água da chuva dura na cisterna por menos de dois meses. Por isso, a prefeitura fornece carros-pipa para garantir acesso à água no restante do ano.

“No mês de agosto, a chuva para e, em outubro, as cisternas secam. A dificuldade é enorme por um período de cinco a seis meses, no verão e no outono. As cisternas só têm capacidade de ficar com água durante 60, 70 dias. Depois, tem que ser abastecida de outra maneira”, afirma.

Carros-pipa e a água da chuva são considerados duas fontes inadequadas de abastecimento de água, segundo o Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab), ao lado de rios e lagos. Em todo o país:

  • 1,1% da população depende de carros-pipa;
  • 0,9% de rios, açudes, córregos, lagos e igarapés 0,9%;
  • 0,6% de água da chuva;
  • 0,6%, de outras maneiras.

As formas adequadas de abastecimento cobrem 97% da população. São elas:

  • Rede geral de distribuição: 82,9% da população;
  • Poço profundo ou artesiano: 9%;
  • Poço raso, freático ou cacimba: 3,2%;
  • Fonte, nascente ou mina: 1,9%.
Outro tipo de cisterna usada para abastecer as casas em Estrela de Alagoas capta água do "calçadão", pavimento feito no chão ao lado do reservatório — Foto: Jeronias Lageiro/Arquivo pessoal

Outro tipo de cisterna usada para abastecer as casas em Estrela de Alagoas capta água do “calçadão”, pavimento feito no chão ao lado do reservatório — Foto: Jeronias Lageiro/Arquivo pessoal

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Indicadores de saneamento melhoraram

Os dados do Censo 202 indicam que os indicadores de saneamento melhoraram desde 2010. O percentual de pessoas vivendo em lares:

  • com descarte adequado de esgoto subiu de 64,5% para 75,5;
  • com banheiro exclusivo (não compartilhado), de 64,5% para 97,8%;
  • com coleta de lixo, de 85,8% para 90,9%;
  • com ligação à rede geral de água (a forma mais comum), de 81,5% para 86,6% (incluídos os que não utilizam a rede como forma principal).

Ainda assim, em 2022, o Brasil tinha:

  • 49 milhões de pessoas em residências sem descarte adequado de esgoto (24% da população);
  • 18 milhões sem coleta de lixo (9%);
  • 6 milhões sem abastecimento de água adequado (3%);
  • 1,2 milhão sem banheiro ou sequer um sanitário (0,6%).

Outros dados do Censo 2022

As informações do Censo 2022 começaram a ser divulgadas em junho de 2023. Desde então, foi possível saber que:

  • O Brasil tem 203 milhões de habitantes, número menor do que era estimado pelas projeções iniciais;
  • O país segue se tornando cada vez mais feminino e mais velho. A idade mediana do brasileiro passou de 29 anos (em 2010) para 35 anos (em 2022). Isso significa que metade da população tem até 35 anos, e a outra metade é mais velha que isso. Há cerca de 104,5 milhões de mulheres, 51,5% do total de brasileiros;
  • 1,3 milhão de pessoas se identificam como quilombolas (0,65% do total) – foi a primeira vez na História em que o Censo incluiu em seus questionários perguntas para identificar esse grupo;
  • O número de indígenas cresceu 89%, para 1,7 milhão, em relação ao Censo de 2010. Isso pode ser explicado pela mudança no mapeamento e na metodologia da pesquisa para os povos indígenas, que permitiu identificar mais pessoas;
  • Pela primeira vez, os brasileiros se declararam mais pardos que brancos, e a população preta cresceu.
  • Também pela primeira vez, o instituto mapeou todas as coordenadas geográficas e os tipos de edificações que compõem os 111 milhões de endereços do país, e constatou que o Brasil tem mais templos religiosos do que hospitais e escolas juntos.
  • Após 50 anos, o termo favela voltou a ser usado no Censo.
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