Moraes foi monitorado, confirmou Cid à PF
- 13 de março de 2024
Ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid confirmou à Polícia Federal que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi monitorado por um núcleo de inteligência formado por ele, pelo general Augusto Heleno, ex-ministro do GSI, e por Marcelo Câmara, coronel do Exército, registrou O Globo.
A informação foi revelada em depoimento prestado na segunda-feira, 11, à PF no âmbito das investigações sobre uma suposta trama de golpe de Estado.
Segundo o jornal, Cid explicou à PF as circunstâncias em que foi realizado o monitoramento.
O monitoramento de Moraes
O relatório da Polícia Federal que embasou a operação Tempus Veritatis, em 8 de fevereiro, apontou que o general Augusto Heleno teria sido o responsável por acompanhar os passos de Moraes, com o apoio de Mauro Cid e Marcelo Câmara.
“Os membros teriam monitorado o itinerário, o deslocamento e a localização do Ministro do Supremo Tribunal Federal e então chefe do Poder Judiciário Eleitoral, Alexandre de Moraes, e de possíveis outras autoridades da República, com o objetivo de captura e detenção, nas primeiras horas que se seguissem à assinatura do decreto de golpe de Estado”, afirmou a PF.
“Professora”
A Polícia Federal também identificou que Câmara e Cid utilizavam o codinome “professora” para se referir a Moraes.
“A investigação constatou que os deslocamentos entre Brasília e São Paulo do ministro Alexandre de Moraes são coincidentes com os da pessoa que estava sendo monitorada e acompanhada pelo grupo”, diz trecho da decisão de Moraes.
“Assim, o termo ‘professora’ utilizado por Mauro Cid e Marcelo Câmara seria um codinome para a ação que tinha o Ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) como alvo”, acrescenta.
Só Moraes seria preso
Como noticiamos, o ex-presidente Bolsonaro teria recebido a chamada minuta do golpe com a sugestão de prisão de Moraes, do também ministro Gilmar Mendes, e do presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). O então presidente, no entanto, teria sugerido que apenas Moraes fosse preso.
“Posteriormente foram realizadas alterações a pedido do então presidente, permanecendo a determinação de prisão do ministro Alexandre de Moraes e a realização de novas eleições”, diz o relatório da PF.