Marina Gadelha recoloca a Paraíba no ranking Análise Advocacia Mulher 2024

  • 24 de abril de 2024

No ANÁLISE ADVOCACIA MULHER 2024, os estados da Paraíba e do Maranhão retornaram ao ranking das Mais Admiradas na região Nordeste. Já no Norte, o Tocantins estreou pela primeira vez, contando com uma advogada na edição deste ano. A advogada Marina Gadelha foi responsável por recolocar a Paraíba no anuário, que é um dos mais importantes do Brasil na área do Direito.

Desde a primeira edição, o número de advogadas Mais Admiradas por Unidade Federativa (UF) aumentou em 21%. Na região Nordeste, o Ceará ganhou destaque, apresentando um salto de 83% no número de advogadas eleitas Mais Admiradas nesta edição. A Bahia vem logo atrás, com um crescimento de 17%.

PARAÍBA DE VOLTA AO RANKING

Segundo Marina Gadelha, sócia-fundadora do Marina Gadelha Sociedade de Advogados, e advogada Mais Admirada na Paraíba, “com a profissionalização do direito no estado, estamos vendo o mercado mudar, o que resultou nessa volta do estado”.

Mesmo com sua posição de sócia-fundadora de escritório, com dois mestrados, eleita como advogada Mais Admirada duas vezes pela publicação da Análise, Gadelha diz que a área de mineração ainda é um setor onde ela enfrenta preconceito por ser mulher.

”Já ouvi que mineração não é lugar para mulher. De ser recomendada a um cliente por uma advogada, chegar lá e o cliente falar que não quer ser atendido por uma mulher. É duríssimo. Venho me qualificando ao longo destes anos. Fiz três especializações, mestrado, doutorado, não há nada que me coloque em uma posição de desvantagem técnica em relação a um advogado, e ainda assim ouço esse tipo de coisa”, relata Gadelha.

A advogada diz que, para superar esse tipo de preconceito, as mulheres têm que perder a vergonha de buscar networking ou de procurar mais clientes. Gadelha explica que ainda existe um pensamento de que para as advogadas fazer isso é incorreto, porém, é uma prática que precisa ser utilizada para consolidar o nome da mulher no mercado jurídico.

“As mulheres têm muita dificuldade em entrar nos espaços de negócio. Temos progredido bastante na advocacia, mas ainda existe [preconceito], lamentavelmente”, disse Gadelha.

ASCENSÃO DO TOCANTINS

O estado mais novo do Brasil, Tocantins, figurou pela primeira vez no ranking do ANÁLISE ADVOCACIA MULHER com apenas uma advogada: a sócia-fundadora do escritório Ohofugi, Azevedo, Venâncio, Bonilha & Advogados Associados, Bruna Bonilha, que possui mais de uma década de experiência no mercado jurídico.

A sócia vincula sua presença no ranking ao processo eletrônico judicial de Tocantins. Desde 2011, o estado utiliza o Eproc, sistema de digitalização de processos. Além disso, ela relaciona essa visibilidade do direito empresarial no norte do país ao significativo número de privatizações na região, assim como a fatores logísticos estratégicos, como a conclusão dos trechos da ferrovia Norte-Sul, que têm impulsionado a economia local.

“Acredito que hoje, Tocantins está como expoente não só das próprias características do Tribunal de Justiça, que foi pioneiro no processo eletrônico, mas também das próprias empresas”, disse Bonilha.

Mesmo sendo eleita como Mais Admirada por Tocantins, Bonilha revela que não é tocantinense de nascimento. Segundo ela, sua chegada ao estado ocorreu em 1993, dois anos após este se tornar uma UF. Em 2003, ingressou na primeira turma de Direito na Universidade Federal do Tocantins. “Eu sonhava em ser advogada, nunca desejei outra carreira. Então, para mim, é uma alegria, uma honra figurar no Análise Advocacia”, afirmou Bonilha.

Para a sócia, essa paixão se mostrou o seu maior motivador, e é o que ela tenta transmitir para as jovens profissionais que ingressam em seu escritório, que, segundo ela, possui uma predominância de presença feminina. “O reconhecimento é fruto de um trabalho que se ama. A gente precisa somar não só o desejo de ser reconhecido, mas também trabalhar com afinco, honestidade, retidão, e é fato que a paixão empurra um pouquinho o profissional. Eu acho que quando a gente realmente ama o que faz, temos a oportunidade de levar essa paixão ao outro, atingir o outro e isso nos faz ser reconhecidas”, complementou Bonilha.

O RETORNO DO MARANHÃO

Apesar do Maranhão não ter sido representado por advogadas Mais Admiradas na segunda e terceira edição do ANÁLISE ADVOCACIA MULHER, segundo Valéria Lauande, sócia-fundadora do Dino, Figueiredo e Lauande Advocacia, este cenário está prestes a mudar. Lauande notou um aumento no interesse das mulheres pela advocacia no estado há algum tempo.

“Como temos um número maior de mulheres estudando direito, logo, teremos um número maior de advogadas que, após o bacharelado, optam pela advocacia em vez de outras áreas do direito”, sugeriu a sócia. Além da atuação no escritório, Lauande também é professora universitária de Direito Processual Civil. Ela explica que tenta transmitir toda a sua experiência na sala de aula e ainda motivar jovens estudantes a ingressar na área, mostrando como ela é essencial para a atuação de um bom profissional. Porém, mesmo com essas posições de destaque, Lauande admite que ser uma advogada no estado do Maranhão é muito mais difícil. Ela relata que é necessário um constante aprimoramento e até mesmo um esforço maior para conciliar todas as demandas rotineiras e ainda manter seu nome relevante no mercado jurídico.

GRANDE SALTO DO CEARÁ

Dentro da região Nordeste, o Ceará foi o estado que apresentou o maior crescimento no número de advogadas eleitas como Mais Admiradas, registrando um aumento de 83% em relação à última edição do ANÁLISE ADVOCACIA MULHER.

Gilmara Barbosa, sócia-fundadora do Abreu, Barbosa e Viveiros Advogados, eleita como advogada Mais Admirada este ano, explica que esse aumento pode ser explicado pelo amadurecimento no ambiente de negócios do Ceará.

De acordo com Barbosa, esse novo contexto, impulsionado pelo uso de fontes de energia renováveis, trouxe consigo novas demandas jurídicas em várias áreas. “Em parte, isso se deve ao amadurecimento, ainda que lento, da governança corporativa nas empresas da região e sua preocupação com a sustentabilidade do negócio”, destacou Barbosa. Com o aumento da demanda, o mercado precisa de mais profissionais, o que proporciona uma maior abertura para que as mulheres ingressem na advocacia. No entanto, apesar desse crescimento no número de Mais Admiradas, ainda são poucas as mulheres em cargos de liderança dentro dos escritórios de advocacia.

”Percebemos o aumento de mulheres na prática da advocacia. Inclusive, tenho visto maior participação feminina em sociedades de escritório ou em posições de diretoria, apesar de, infelizmente, ainda ser um contexto minoritário, mas que aos poucos vem sendo rompido”, disse Barbosa.

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