Entenda por que Abel reclama tanto de Barueri. E isso não vai mudar tão cedo no Palmeiras

  • 13 de maio de 2024

As palavras de Abel Ferreira foram firmes:

– Se não jogarmos no Allianz Parque, não nos cobrem para sermos campeões.

Em tom de desabafo ou mesmo indignação, o técnico deixou evidente o desconforto com a saída do próprio estádio. Depois da derrota para o Athletico, no último domingo, ao ser questionado sobre mais uma partida mandada na Arena Barueri, o treinador adicionou mais um capítulo à polêmica história.

Mas o que está por trás de tudo? Há um problema para o técnico do Palmeiras e que não tem prazo para acabar.

Os principais problemas da Arena Barueri, atualmente administrada pelas empresas da presidente do Palmeiras, Leila Pereira, estão na estrutura e escassez de público nas arquibancadas.

O estádio está a 27 km do Allianz Parque, desagrada a torcida alviverde – que evita o deslocamento da cidade – e não à toa o Palmeiras perde dinheiro, recebendo uma média de 16 mil pessoas no local neste início de ano. É menos da metade da média do Allianz em 2023, por exemplo: de 36.374 pessoas.

Apesar da recorrência de jogos no estádio, o cenário é o mesmo. Ao receber o Athletico, às 16h do domingo, somente 12.108 pessoas estiveram presentes, levando em conta ainda a comemoração do Dia das Mães no fim de semana. E dificilmente haverá mudança.

Em outros momentos, ainda no ano passado, Abel Ferreira chegou a falar sobre como até mesmo no banco de reserva se sente desconfortável, por não estar no próprio estádio. “Não é o chiqueiro”, reafirma.

Faz questão de deixar claro, porém, que o problema para ele não está em Barueri em si, mas na impossibilidade de utilizar o Allianz Parque.

– Não tenho nada contra Barueri. Quero jogar no Allianz Parque. A nossa torcida nos dá 30% das vitórias em casa. O problema é: como o Palmeiras, que luta por títulos, tem um estádio para jogar e é impedido ou não pode jogar? O problema é o Allianz Parque – disse Abel.

E como o Palmeiras tem um estádio em que não pode jogar?

O Palmeiras atualmente não é juridicamente dono do Allianz Parque. O estádio pertence e é administrado pela WTorre, com contrato até novembro de 2044, sendo a responsável pelas decisões sobre a Arena até este prazo.

A administradora, por sua vez, tem os shows musicais como principal fonte de renda para manutenção do estádio.

E essa condição por vezes obriga o Verdão a receber seus jogos em outros estádios, como ocorreu no domingo. Jogou com o Athletico em Barueri por conta do show de Louis Tomlinson, realizado na noite anterior no Allianz.

A equipe também recebeu o Internacional, na segunda rodada, e receberá o Vasco, às 16h do dia 26 de maio, fora do próprio estádio. Neste próximo, por conta de shows de Andrea Bocelli. A partir da décima rodada os jogos ainda estão com datas a definir.

No início do ano, o Palmeiras ainda chegou a ficar mais de um mês sem o próprio estádio para reformar o desgastado gramado.

Leila Pereira, por mais de uma vez, criticou os moldes do acordo entre o clube e a WTorre. Desde o início do ano, passou a evidenciar ainda a preocupação do com a manutenção do estádio, ao dizer que receberá o Coliseu ao fim do contrato, mas reforçando que nada pode ser feito agora.

A relação do clube com a WTorre, por sua vez, está longe de ser das melhores.

Desde 2017, o Palmeiras cobra mais de R$ 160 milhões na Justiça por repasse de receitas de locação para shows, exploração de áreas como lanchonetes e estacionamentos, além de locações de cadeiras, camarotes e naming rights. A empresa reconhece haver um débito, mas discorda dos números.

No ano passado, quando o Verdão colou no Botafogo com chances de conquistar o Brasileiro – como aconteceu ao fim do ano –, a WTorre chegou a acelerar processos de desmontagem de palcos para receber o time. Nem sempre, contudo, esse recurso pode ser utilizado.

O Palmeiras disputa o Brasileirão, Copa do Brasil e Libertadores e ainda deve viver o mesmo problema em novas ocasiões na temporada.

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