Após fenômeno Pantanal, Renascer decepciona até com turismo em Ilhéus

  • 29 de maio de 2024

A novela Pantanal (2022) fez jus ao seu nome e mostrou as paisagens, a fauna e a flora do bioma; com isso, o interesse pelo turismo na região praticamente duplicou durante a exibição da novela. Renascer, por sua vez, não repete esse fenômeno. Com audiência em baixa e poucas cenas gravadas de fato em Ilhéus, na Bahia, onde a trama é ambientada, o interesse pela cidade é praticamente o mesmo de antes do folhetim. 

Um levantamento feito pelo Notícias da TV mostrou que o nível de buscas por Ilhéus no Google se manteve o mesmo em relação ao mesmo período do ano passado. O pico mais recente de pesquisas pelo termo foi no Réveillon, quando moradores da região procuram por lugares para passar a virada –exatamente como já havia ocorrido nos últimos cinco anos.

Houve um aumento de buscas no final de janeiro, bem no início da novela, mas foi só isso. As empresas do ramo até registraram procura, mas de maneira tímida. “A gente tem uma demanda crescente que vem desde o pós-pandemia, e, com a estreia da novela, tivemos um aumento de 20%. Contávamos com mais, infelizmente ficou aquém do que esperávamos”, admite Luís Fernando Carvalho, CEO da agência Ilhéus Passeios. 

A empresa faz tours pelo centro histórico da cidade, pelas praias e por cachoeiras, mas o carro-forte da agência sempre foi e continua sendo os passeios por dentro das fazendas de cacau –resquício da primeira versão da novela, exibida em 1993.

“Sempre deixamos claro que Ilhéus não é Ilhéus sem o cacau, sem o chocolate. Então, do passado ao futuro, sempre estaremos em meio ao fruto de ouro. Logo, a nossa agência sempre teve uma alta demanda por fazendas de cacau, apesar de também sermos destino de sol e praia”, arremata. 

A Secretaria de Turismo da Bahia também tinha expectativas nesse sentido. A Setur chegou a ir até Lisboa, em Portugal, para divulgar a Costa do Cacau como destino turístico, justamente pelo fato de que o local ia “brilhar na TV” nos meses seguintes. O órgão ainda promoveu capacitações para agentes de turismo sobre a Costa do Cacau em março.

De lá para cá, nada mais foi divulgado. A Secretaria não respondeu às tentativas de contato do Notícias da TV desde a semana passada. 

José Inocêncio e Mariana em praia de Ilhéus

José Inocêncio e Mariana em praia de Ilhéus

Região subestimada na novela

Diretor de Marketing e Vendas do Grupo Luan, Rodrigo Patrocínio tem uma visão mais positiva do impacto da novela. A LN Urbanismo detém o empreendimento Costa do Cacau Village, em Itacaré, nos arredores de Ilhéus.

“Já vínhamos notando um aquecimento na procura pelos lotes antes da estreia da novela, quando o lançamento oficial do empreendimento ainda não tinha acontecido. De lá para cá, mesmo com a valorização em 30% no valor dos lotes por causa do lançamento do Costa do Cacau Village, notamos aumento de 20% na procura, certamente com o impacto da valorização que a novela causou na região”, disse ele.

Mas o que causou uma diferença tão abrupta dos números de Pantanal e Renascer? O motivo mais óbvio é a audiência de cada uma. A primeira fechou com uma média de 30 pontos no Ibope, enquanto a atual penou para alcançar o recorde de 28 –até o momento, a trama tem 25 de média.

Outro ponto é o fato de a atual novela das nove pouco explorar o local onde é ambientada. Se Pantanal contava com várias imagens de contemplação da paisagem, Renascer mostra pouquíssimo das belezas naturais da região. Apenas foram mostradas poucas viagens de José Inocêncio (Marcos Palmeira) à praia e uma ou outra sequência na vegetação local.

A maioria das cenas na fazenda do protagonista são gravadas no interior do Rio de Janeiro ou nos Estúdios Globo, na cidade cenográfica. Pantanal também contou com esse recurso, mas em menor escala. O elenco fez viagens longas ao interior do Mato Grosso do Sul, enquanto os atores de Renascer passaram curtos períodos na Bahia –as viagens programadas foram canceladas por corte de custos ou por problemas na logística.

Renascer foi escrita e criada pelo autor Benedito Ruy Barbosa. A primeira versão foi ao ar na Globo em 1993. Bruno Luperi é neto do novelista e responsável pela adaptação da saga rural que estreou no horário nobre em janeiro. O remake ficará no ar até setembro.

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