Filhos de Zagallo acusam caçula de armar contra o pai para ficar com dinheiro
- 16 de junho de 2024
A divisão dos bens designada por Zagallo (1931-2024) teve um impasse entre os quatro filhos. Três deles, que ficaram com a menor porcentagem da herança, acusam o caçula de supostamente coagir o pai durante anos para que ele ficasse com a maior parte dos bens. Eles ainda alegam que o caçula teria escondido imóveis e varrido quantias em dinheiro das contas bancárias do ex-treinador da Seleção Brasileira.
Zagallo, que morreu em janeiro, havia nomeado o filho caçula, Mario Cézar, como responsável por administrar os bens. Em seu testamento, consta a seguinte divisão: 62,5% para o mais novo, e 12,5% para cada um dos outros três herdeiros, Paulo Jorge, Maria Emília e Maria Cristina.
A reportagem teve acesso aos documentos de abertura do inventário de Mario Jorge Lobo Zagallo, que tramita na 1ª Vara de Família da Regional da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. A defesa de Paulo, Maria Emília e Maria Cristina pediu uma tutela de evidência, para que Cézar declare tudo que lhe foi passado pelo pai ainda em vida.
Eles acusam Cézar de ocultar parte do patrimônio que era de Zagallo para deixá-los em desvantagem no momento da partilha. Os três querem que o patrimônio seja apresentado mais uma vez, agora com as supostas “ocultações”, e que essas doações, caso hajam, sejam anuladas e anexadas ao inventário para a reformulação da divisão –seguindo o que Zagallo pontuou no testamento.
“Os filhos ainda tomaram ciência, em 2016, de vultosas e recorrentes movimentações financeiras dessa mesma época nas contas do falecido –algo completamente incompatível com o padrão de vida que o pai idoso levava”, argumentou a advogada dos filhos mais velhos no processo.
“Os irmãos passaram a perceber um aumento patrimonial abrupto, repentino e injustificado por parte de Mário Cézar, além do encerramento das contas conjuntas com Maria Emília”, acrescentou ela.
Dinheiro desviado?
Outro ponto levantado é de que Mário Cézar teria “empobrecido” o pai após a morte da mãe, em 2016. Desde então, eles alegam que Zagallo, já com idade avançada, se tornou dependente do caçula. Eles localizaram ainda duas doações suspeitas ocorridas em 2016 do ex-jogador para Cézar: uma em maio, de R$ 3 milhões, e outra em novembro, de R$ 2 milhões.
Um documento apresentado pela advogada dos filhos preteridos comprova que eles foram excluídos como moradores do condomínio em que o pai morava. Antes, os nomes deles apareciam como residentes para que pudessem transitar livremente pelo imóvel e visitar o patriarca.
Também estão anexadas trocas de mensagens de texto e áudio entre eles e o caçula, que era responsável pelo pai, com queixas pela falta de comunicação.
Paulo, Maria Emília e Maria Cristina sustentam a versão de que Zagallo teria sido coagido por Mário Cézar a acreditar que ninguém além dele se importava com sua vida –o que motivou o desabafo do esportista no testamento, dizendo que se sentiu abandonado por todos exceto o caçula.