Inflação pode voltar a preocupar com dólar e energia em alta
- 1 de julho de 2024
Os frequentes ataques de Lula ao Banco Central e a recusa do governo de olhar para o controle de despesas que fizeram o dólar disparar no ano e o acionamento da bandeira amarela pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) podem pressionar as expectativas sobre os preços e pressionar as taxas de juros.
Os juros futuros apontam para uma alta na Selic até setembro de, pelo menos, 0,25 ponto percentual, o que faria com que a taxa básica de juros voltasse para 10,75% ao ano. Boa parte da precificação pode ser considerada prêmio de risco em função da instabilidade recente sobre contas públicas e outros ruídos, no entanto, o movimento também parece conter um claro alerta do mercado financeiro sobre uma possível volta da inflação.As expectativas do Boletim Focus para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que reúne a opinião de centenas de economistas e analistas, apresentou alta nas últimas sete semanas consecutivas para 2024 e tem sido reajustadas para cima por oito semanas para o ano que vem.
Certamente, a depreciação do câmbio, mais acelerada no Brasil que em todos os outros emergentes, vai pressionar os preços de produtos importados, que vão desde o trigo até itens de tecnologia, e a verborragia irresponsável de Lula não tem ajudado. Na verdade, desde que o petista passou a conceder entrevistas diárias, há duas semanas, o dólar disparou mais de 3% contra o real, passando de 5,42 reais para 5,59 reais.
Além disso, o acionamento da bandeira amarela pela Aneel resulta em contas de energia elétrica mais altas, o que afeta praticamente toda a cadeia produtiva. Esta é a primeira vez desde 2020 que o mecanismo é implementado.
Desta vez, a bandeira amarela foi acionada em razão da previsão de chuvas abaixo da média até o final do ano e de crescimento da carga e do consumo de energia no período, o que faz com que as termelétricas, com energia mais cara, passem a operar mais.
Se de um lado fazer chover ainda é uma ciência pouco conhecida, maneirar a retórica com um pouco de responsabilidade não faria nenhum mal ao país.