Datena vai desistir de candidatura? Ego, contrato e ibope sinalizam volta à Band

  • 11 de julho de 2024

Ao anunciar sua pré-candidatura à Prefeitura de São Paulo, José Luiz Datena assegurou que, desta vez, seguiria até o fim. O apresentador vem mantendo o discurso e promete iniciar sua campanha com uma ação na avenida Paulista na próxima segunda-feira (15). Nos corredores da Band e até do PSDB, porém, a conversa é outra. 

Três fatores são encarados como os principais indicadores de que Datena não seguirá até o fim da campanha: um novo contrato com a Band, a audiência do Brasil Urgente e a vaidade do apresentador. Há quem aposte que o comunicador estará de volta ao programa policial antes de dar as caras no horário eleitoral gratuito, marcado para começar em 30 de agosto.

A desconfiança não é à toa. Nas últimas quatro eleições, Datena anunciou sua intenção de concorrer a cargos públicos, mas não seguiu ao fim em nenhuma delas. Em 2016, ele seria candidato a prefeito pelo PP. Em 2018, tentaria uma vaga no Senado pelo DEM. Em 2020, quando era filiado ao MDB, o apresentador quase foi vice-prefeito de Bruno Covas (1980-2021). E, em 2022, pensou em concorrer ao Senado novamente, dessa vez pelo PSC.

Mesmo fora do ar desde 29 de junho por causa da lei eleitoral –que proíbe candidatos de aparecerem na televisão após essa data–, Datena não parou de negociar com a Band a renovação de seu contrato, que vence no fim do ano. Ele, inclusive, aceitou diminuir seu salário fixo em cerca de 70%, até o final do ano, para ajudar a situação financeira da emissora, que atravessa nova crise.

A redução do cachê foi noticiada pelo colunista Flavio Ricco, do R7, e confirmada pela reportagem com fontes na emissora e com o próprio Datena. A reportagem apurou que a economia da Band com Datena chega a R$ 500 mil mensais.

“Não é só a Band. As TVs passam por uma crise econômica, não adianta ganhar mais do que podem pagar. É a realidade. Mas podendo ajudar tá tudo certo”, disse o prefeiturável ao Notícias da TV.

Seria não apenas um voto de confiança do apresentador à emissora para a qual trabalha desde 2003 (com uma breve ida e tumultuada passagem pela Record em 2011), mas também um encaminhamento de renovação do contrato, por mais dois anos, a partir de janeiro, caso ele não se eleja prefeito.

Outro fator que pesa contra Datena é o ego. Setores do PSDB avaliam que ele desistirá de ser prefeito assim que as intenções de voto o colocarem em uma posição desfavorável –fontes ouvidas pela reportagem dentro do partido apontaram especificamente o nome do coach Pablo Marçal (PRTB). “Quando o Marçal aparecer na frente do Datena numa pesquisa, ele desiste”, disse um tucano que pediu para não ser identificado.

O PSDB, que nunca foi o partido mais unido, aliás, enfrentou um novo racha com a decisão de lançar Datena para a Prefeitura de São Paulo neste ano. Alguns dirigentes não concordaram com o lançamento do comunicador como candidato, e muitos deles justificaram que seria um erro escolher um nome que tem histórico (e fama) de dar para trás. 

Vale lembrar que, em 2022, o apresentador desistiu de concorrer ao Senado mesmo aparecendo como líder nas pesquisas de intenção de voto –a vaga acabou com o astronauta Marcos Pontes (PL). Tucanos avaliam que, se Datena abriu mão da corrida eleitoral mesmo em primeiro lugar, não seguirá em frente quando se encontrar na quarta ou até na quinta posição.

E o Brasil Urgente, como fica?

Na Band, a certeza de que Datena voltará em breve é tanta que a emissora sequer bolou uma estratégia definitiva para cobrir a ausência do comunicador. Depois de testar os repórteres Lucas Martins e Felipe Garrafa no comando do Brasil Urgente semana passada, a direção voltou a apostar em Joel Datena desde segunda-feira (8).

A questão é que o filho de Datena não pode ser uma solução definitiva –pelo menos, não nas atuais condições. Joel está conciliando o Brasil Urgente com o Bora Brasil, que ele já apresentava na emissora. Porém, no fim do mês, o matinal ficará mais longo, pois passará a englobar o tempo do The Chef, de Edu Guedes, que atualmente ocupa 90 minutos da grade.

Ou seja, Joel ficará três horas no ar ao vivo, de segunda a sexta, com o Bora Brasil, e outras três horas e 20 minutos com o Brasil Urgente. Ao todo, serão 31 horas e 40 minutos semanais –sem contar os eventuais plantões de sábado. Para quem acha que a maratona de Celso Portiolli nos domingos do SBT é cansativa, o filho de Datena fará algo similar cinco vezes por semana. Um expediente insustentável a longo prazo…

Também há quem aposte que José Luiz Datena voltará ao Brasil Urgente para levantar a audiência do programa. Desde que ele saiu do ar, o público do policial fugiu –a média da semana passada, de 2,8 pontos na Grande São Paulo, foi a menor do ano. Na segunda, véspera de feriado, a versão local da atração também teve seu pior desempenho de 2024, 2,5 pontos. O resultado abaixo da média prejudica ainda o Jornal da Band, exibido na sequência.

Diretores da Band podem usar a carta de que só Datena pode salvar o ibope do Brasil Urgente para atraí-lo de volta ao programa. Seria difícil resistir à possibilidade de bancar o herói –especialmente se desistir da política livrá-lo do risco de receber menos votos do que Pablo Marçal.

VITRINE DO CARIRI
Com Noticias da TV.

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