Morte de Ismail Haniyeh alimenta temor de escalada bélica de consequências imprevisíveis

  • 1 de agosto de 2024

Além do impacto imediato nas negociações de um cessar-fogo em Gaza, a morte de Ismail Haniyeh alimentou o temor de uma escalada bélica de consequências imprevisíveis.

O poder bélico do Hamas tem a digital do governo iraniano, que treina e financia o grupo terrorista. Nesta quarta-feira (31), o líder supremo, Ali Khamenei, declarou que é dever do Irã vingar a morte do chefe do Hamas e que Israel abriu caminhos para o que chamou de “punição severa”. O governo israelense não se manifestou sobre a morte de Haniyeh.

O novo presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, disse que o ataque em Teerã vai ter resposta.

Em entrevista ao Jornal Nacional, a pesquisadora de política iraniana da London School of Economics Anahita Rad avalia que pode haver uma reação dura do Irã e uma intensificação do conflito.

A morte do chefe do Hamas repercutiu intensamente no Oriente Médio. Os rebeldes houthis, no Iêmen, e os extremistas do Hezbollah, ambos aliados dos terroristas do Hamas, declararam que vão retaliar.

Governos do Líbano, Egito, Turquia, Omã e Jordânia criticaram o atentado e disseram que temem a expansão do conflito. O Catar, que faz a mediação de um cessar-fogo em Gaza e onde fica o escritório político do grupo terrorista Hamas, expressou receio sobre o futuro do acordo de paz na Faixa de Gaza.

A pesquisadora da Chatham House, no Reino Unido, Sanam Vakil afirma que a morte de Haniyeh vai comprometer as negociações:

“É a volta de um período de extrema tensão e incertezas”, ela diz.

Rússia e China também condenaram o assassinato e ressaltaram as consequências perigosas que essa operação pode desencadear.

Entre os países ocidentais que apoiam Israel, a palavra de ordem foi contenção. Dois ministros do Reino Unido – o do Exterior e o da Defesa – chegaram nesta quarta-feira (31) ao Catar e vão trabalhar nas negociações para evitar uma escalada do conflito.

Os Estados Unidos, que vêm trabalhando pelo fim da guerra em Gaza, afirmaram que não sabiam e não têm envolvimento na morte de Haniyeh e voltaram a afirmar que a escalada da violência pode ser evitada. O secretário de Estado, Anthony Blinken, disse que o acordo seria a chave para evitar um aumento do conflito na região e que os dois lados vão se beneficiar com o fim da guerra.

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A ministra do exterior da Alemanha, Annalena Baerbock, pediu máxima cautela a todos os lados e a proteção dos civis da região. A União Europeia também pediu máxima cautela e reforçou a necessidade de um cessar-fogo em Gaza.

Em nota, o governo brasileiro condenou veementemente o assassinato, repudiou o flagrante desrespeito à soberania e à integridade territorial do Irã, e reafirmou que atos de violência, sob qualquer motivação, não contribuem para a busca por estabilidade e paz duradouras no Oriente Médio.

O Brasil reiterou o apelo a todos os atores para que exerçam máxima contenção para impedir um conflito de grandes proporções e consequências imprevisíveis e que é essencial implementar um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza.

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