Bolsonaro defende anistia, mas diz que ele está em ‘segundo plano’
- 30 de outubro de 2024
O ex-presidente Jair Bolsonaro esteve no Senado nesta terça-feira, 29, e disse que está de acordo com a decisão do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), de criar uma comissão especial para discutir o projeto que concedeu anistia aos envolvidos no 8 de Janeiro.
A proposta estava pautada para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) nesta terça, mas, por decisão de Lira, foi criado um colegiado para analisar o texto, o que, basicamente, faz com que o projeto volte à estaca zero.
A iniciativa, defendida pela bancada bolsonarista no Congresso como prioridade, pode beneficiar o ex-presidente e abrir caminho para que ele possa disputar a eleição em 2026 — hoje ele está inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e recorre ao Supremo Tribunal Federal (STF). Bolsonaro disse, no entanto, que a sua condição está em “segundo plano”.
Questionado sobre o seu partido, o PL, ter condicionado o apoio ao deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) na eleição para a presidência da Câmara ao encaminhamento do PL da Anistia, o ex-presidente afirmou que “não tem condicional nenhuma”, mas que, de fato, chegou a conversar com Lira. “Não vou enganar vocês, porque a gente faz o tête-à-tête. O que a gente quer é solução (…) O Arthur Lira não está impondo nada pra mim e nem eu pra ele. Conversamos também (…). O mais importante é colocar em liberdade essas pessoas que estão presas (…). É menos importante a volta da minha elegibilidade do que a liberdade das pessoas”, afirmou.
O ex-presidente disse ainda que sua habilitação eleitoral será discutida “lá na frente”. “Essa condicionante ‘se’, por enquanto não está no meu vocabulário. Vai ver lá na frente. Podemos passar por aqui, tem a questão do Supremo, não transitou em julgado, posso requerer minha candidatura lá na frente. O primeiro passo é no TSE”, disse.
Lula ‘sem coração’
Questionado sobre se o PL disputaria o protagonismo da discussão da anistia na comissão especial, Bolsonaro afirmou que a legenda não quer “paternidade” e alfinetou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Queremos que alguém do PT seja o pai da anistia. Gostaria que o Lula tomasse a iniciativa de anistiar. Com todos os defeitos que ele tem, será que não tem coração?”, questionou.
O ex-presidente ainda lembrou que, apesar de o PL ter a maior bancada na Câmara, com 95 deputados, a legenda não tem a maioria absoluta da Casa para votar o tema e que, por isso, é preciso “negociar”.