Há 15 anos, Flamengo vencia Galo no Mineirão com “olé”, grito de campeão e gol olímpico
- 8 de novembro de 2024
“O Flamengo tem disso. Quando deixa chegar, a força é muito grande”.
Essas foram as palavras ditas por Adriano minutos após Leonardo Gaciba apitar o final da vitória por 3 a 1 do Flamengo sobre o Atlético-MG, no Mineirão, pela 34ª rodada do Brasileiro de 2009. O Imperador fora convidado a explicar por que os rubro-negros presentes ao estádio cantavam “é campeão”, mesmo com o time ocupando a terceira colocação e com quatro partidas pela frente.
Quem estava lá não esquece aquele 8 de novembro de 2009. Num Mineirão lotado, com mais de 64 mil pessoas, um surpreendente Flamengo dava um passo quase que definitivo para um título que parecia completamente impossível. Diante do favorito Atlético-MG, o Rubro-Negro em nenhum momento flertou com o tropeço.
Aquele Flamengo fora desacreditado num campeonato em que chegou a ocupar a 14ª colocação após uma derrota por 3 a 0 para o Avaí, pela 21ª rodada. Depois do tropeço na Ressacada, o papo era luta contra o rebaixamento, mas isso mudou radicalmente. Nos 10 jogos seguintes, o Rubro-Negro emplacou sete vitórias e três empates.
Com a vitória, o Flamengo tomou o terceiro lugar do Atlético-MG no Brasileiro de 2009 — Foto: Acervo O Globo
A sequência incluiu vitórias no clássicos contra Fluminense e Botafogo – no Engenhão – e um triunfo maiúsculo contra o Palmeiras (2×0) no Parque Antárctica, com dois golaços de Petkovic, um de esquerda em linda jogada individual, e outro numa cobrança direta de escanteio, algo que ele já fizera em sua primeira passagem (entre 2000 e 2002), contra Olaria e Vasco.
Mais um olímpico
Pois contra o Galo, onde Pet havia feito sua última passagem significativa no futebol, veio o mais bonito e importante dos quatro olímpicos que fez com a camisa do Flamengo. Aos nove minutos, numa cobrança cheia de veneno, o sérvio venceu Carini.
Aos 39, mais um golaço do Flamengo e de quem dificilmente atacava. O volante chileno Maldonado recebeu de Zé Roberto, ameaçou o chute, cortou e bateu cruzado. Sem chances para Carini. A fanática torcida atleticana emudecia no Mineirão, e os rubro-negros dominavam no campo e na arquibancada.
A esperança do Galo e o final feliz do Imperador
Logo aos quatro minutos da etapa final, o hoje comentarista dos canais Globo Ricardinho reacendeu a torcida local com um toque de pé esquerdo, diminuindo a contagem. A partida se tornou tensa, mas o Flamengo era quem perdia chances aos montes.
A tranquilidade só veio aos 36 da etapa final, quando o contestado Fierro, chileno como Maldonado, cruzou da ponta direita e encontrou Adriano na área. O Imperador marcou de cabeça e fechou o placar.
“Ô, o Imperador voltou!”, ecoava pelo Mineirão.
A rodada perfeita fez o Flamengo, àquela altura terceiro colocado, ficar a dois pontos do líder e favoritaço São Paulo, que havia empatado com o Grêmio, e a apenas um do Palmeiras, segundo colocado e que perdera para o Fluminense no Maracanã.
Humildade do grupo é rechaçada pela arquibancada
Terminada a partida, o comandante daquele time, Andrade, e o maestro daquela campanha, Petkovic, evitaram falar em título.
– Nós não temos nenhuma vantagem nenhuma no campeonato, quem tem é o São Paulo. Por isso, temos de brigar para nos mantermos no G-4. É uma disputa acirrada e aquele que perder fica fora – disse Andrade.
– Candidatos grandes ao títulos são o São Paulo e o Palmeiras. Estamos agora confirmados no G-4, mas tudo é muito apertado. Faltam quatro jogos para o fim e tudo pode acontecer – completou Pet.
Esqueceram de combinar com os rubro-negros que se espremeram no Mineirão. Após os gritos de “olé” no minuto final do jogo, os flamenguistas explodiram no grito de “É campeão”!.
Menos de 30 dias depois, com uma virada por 2 a 1 sobre o Grêmio no antológico gol de Ronaldo Angelim, a profecia dos flamenguistas se confirmou. O hexacampeonato veio, e o jejum de 17 anos na principal competição do calendário nacional chegou ao fim.