Bruno Guimarães e a expectativa por um fim de ano feliz na Seleção: “Tranquilidade nunca vai existir”
- 19 de novembro de 2024
A tabela grita para a seleção brasileira: vencer é preciso. Depois de um 2024 de recuperação e oscilação, o Brasil está no limite entre sonhar terminar o ano na vice-liderança e o risco de acabar como começou: na sexta colocação. Cenário que indica pressão, cobrança e expectativas altas. Algo que Bruno Guimarães já aprendeu se tratar de uma rotina quando veste verde e amarelo.
Na Seleção desde março de 2020, quando foi chamado por Tite para as partidas contra Bolívia e Peru, o volante do Newcastle sabe que vencer o Uruguai nesta terça-feira, em Salvador, é fundamental para momentos de paz. Nada além de momentos, mas que vão garantir um fim de ano mais tranquilo para a comissão técnica comandada por Dorival Júnior.
“Tranquilidade na Seleção nunca vai existir. Aqui todo jogo temos que ganhar, mas obviamente esse é um jogo-chave e a vitória nos coloca em uma situação muito confortável dependendo dos outros jogos, praticamente com a classificação encaminhada”
– Se a gente perder, vai ficar aquela sensação de perder o último jogo do ano e não é o que a gente quer. Estamos treinando bastante e vivemos um momento bom. Acho que não haveria momento melhor para jogar. É como se fosse uma final. Eliminatórias são sempre jogos difíceis, mas em casa, com o apoio do torcedor, o último jogo o ano… Estamos muito motivados para conquistar os três pontos.
Bruno Guimarães soma 31 jogos pelo Brasil, além de outros 18 pela equipe olímpica. A experiência conta ainda com presença em Copa do Mundo, Copa América e medalha de ouro em Tóquio-2020. Titular novamente diante do Uruguai, o volante fez uma avaliação do que esperar da partida em Salvador:
– O Uruguai é um time diferente do ponto de vista defensivo, porque tem referências individuais. Sempre tem um comigo, no outro meio-campista e nos acompanha no campo. É uma característica do Bielsa, que já tinha feito isso na Premier League. Se é uma marcação individual, o único que não vai marcar individual é o Darwin Nuñez, que normalmente tenta dividir os dois zagueiros. É um jogo muito individual e temos que tentar tirar vantagem induzindo eles a saltarem no zagueiro para que um do meio possa ficar sozinho.
“Futebol é coletivo, mas contra o Uruguai é bem individualizado. Temos que ser melhor que o nosso marcador para, aí sim, fazer a diferença. Os jogadores ofensivos que temos de 1 x 1 vão ser bastante benéfico se a gente conseguir o drible e tirar vantagem da marcação”
Para vencer o Uruguai e aliviar a pressão na despedida da temporada, Bruno entende que o Brasil precisa melhorar a recuperação rápida da bola. Apesar de apontar evolução no empate com a Venezuela, os volantes acabaram ficando expostos e com um espaço do campo muito grande a percorrer quando a Seleção perdia a posse.
– O principal é o perde e pressiona, que temos que melhorar. Como temos uma equipe muito ofensiva, quando perdemos a bola nos próximos cinco segundos temos que tentar recuperar o mais rápido possível, que é fundamental para o nosso estilo de jogo. Contra a Venezuela estava muito quente, um calor que parecia altitude. Até perguntei (se tinha altitude), porque dava dois, três piques e estava morto. Demorava bastante para recuperar e isso ficou ainda mais difícil no segundo tempo, quando demos uma baixada fisicamente. No primeiro tempo, controlamos todas as ações do jogo e tivemos chances de fazer dois, três a zero, mas pelo jeito da equipe que temos o perde e pressiona é fundamental para não deixar o time distante e dar o contra-ataque. A maioria dos times que vem contra a gente quer o contra-ataque e não podemos dar isso para eles.
Com 17 pontos, o Brasil é o quarto colocado nas eliminatórias sul-americanas para a Copa de 2026, atrás de Argentina (22), Uruguai (19) e Colômbia (19). O confronto com a Celeste acontece na terça-feira, às 21h45 (de Brasília), na Fonte Nova, em Salvador, pela 12ª rodada.
Confira outros trechos do bate-papo com Bruno Guimarães
Função de primeiro volante
No Newcastle, eu tenho jogado primeiro, primeiro volante mesmo há três anos e estou totalmente adaptado, faço sempre no clube e estou com mais facilidade. Obviamente, posso jogar como 8, já joguei como 10 no Athletico e eu me sinto bem em qualquer posição no meio. Me sinto à vontade como 5, que é a função que tenho exercido aqui na Seleção. Me sinto à vontade, tenho gostado de mim nos últimos jogos, o nível tem crescido bastante. Estou feliz e acredito que a Seleção, apesar do empate com a Venezuela, que merecíamos ganhar, está em uma evolução boa. Estamos criando mais, o que faltou na Copa América. Poderíamos falar do campo menor e tudo isso, mas agora a Seleção está criando para merecer a vitória.
Melhora do meio-campo da Seleção
O meio-campo é fundamental em qualquer equipe, é o coração do time, é o que vai fazer você defender, o que vai fazer você atacar, é a transição da equipe. Ainda mais com o ataque rápido que a gente tem, é fazer a bola chegar no ataque e proteger atrás. O meio de campo é o coração. Quando o meio vai bem, a chance do time jogar bem é muito grande.
Comparação com desempenho no Newcastle
É algo que eu sei que tenho melhorado, mas posso fazer melhor. Esse é o sentimento do Bruno e de todos os jogadores. Isso vai pegando confiança com os jogadores que você atua junto. Aqui é difícil repetir os jogadores, nessa última Data Fifa conseguimos repetir o time do Peru com a diferença do Vini no Rodrygo. Mas isso a gente pega a medida que joga junto, saber onde o jogador gosta de receber a bola, onde gosta de atacar, mas é uma coisa que você só consegue ganhar tendo tempo em campo com os mesmos jogadores. É algo difícil, mas não só o Bruno, todos os jogadores se cobram para desempenhar na Seleção o que fazemos no clube.
Versatilidade do elenco
Como treinador, eu adoraria. É uma dor de cabeça boa para o treinador ter o jogador que pode desempenhar duas, três funções. É bom para a equipe, bom para o jogador. Nas eliminatórias, são dois jogos para suspensão. Então, você tem que estar sempre pronto, até pelo jogador que você chama. Essa questão de entrosamento é algo que você pega jogando, mas é uma dor de cabeça boa. O Dorival está gostando do que estamos desempenhando, eles têm mostrado vídeos por setores do campo, escuta da gente o que dá para melhorar. Tem sido uma troca boa entre jogadores e comissão, dar opinião, algo que aconteceu primeiro contra o Chile e melhorou bastante, ajudou a desenvolver o time.
Elogios de Guardiola
Acredito que no meu clube eu sou um ídolo e respeito muito, sou o capitão do Newcastle e é algo que se você me perguntasse há três anos, meu maior sonho seria jogar na Premier League. Jogar, ser ídolo, ser capitão é algo maravilhoso. Gosto muito do Newcastle. É claro que ter sondagem do Manchester City mostra que estou em um nível alto, mas não passou de sondagens. Sei que o Guardiola gosta do meu futebol, isso é normal ter grandes treinadores que admiram seu futebol. Já conversamos alguma vez depois de entrevista, eu elogiei o trabalho dele, ele elogiou meu trabalho, mas não passou disso.
Bola parada
Acredito que temos grandes cobrados e possamos melhorar nas faltas e escanteios com jogadores que possam atacar a bola, como Marquinhos e Gabriel Magalhães, que é o principal cabeceador do Arsenal e faz muitos gols de cabeça. Temos treinado bastante, é algo que você pode não estar muito bem na partida e ganhar o jogo de bola parada. E aconteceu de jogarmos melhor e tomar o empate por uma bola parada. É algo que define jogo, é muito importante e a Premier League faz bastante. Treino bola parada praticamente todos os dias.
Quem é o melhor?
O Raphinha. O Rodrygo não está agora, mas é um exímio cobrador de faltas. Mas o Raphinha vive um momento espetacular. Então, qualquer coisa ali deixa para ele que está em um grande momento.
Aniversário
Sendo bem sincero, já estou me acostumando. É meu quarto aniversário na Seleção, já que cai sempre na Data Fifa. Fico feliz por vir sempre, por estar com a camisa da Seleção, é onde eu sempre quis estar. Estou me acostumando com isso. Foi legal demais estar aqui com meus companheiros. Muitos aqui são meus amigos. Então, estou muito feliz e, como eu pedi na hora do bolo, espero que a vitória seja meu presente de aniversário.