Nova reitora contesta críticas a “viés” de esquerda e lamenta aparelhamento e avanço da direita na UFPB

  • 19 de novembro de 2024

A nova reitora da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Terezinha Domiciano, contestou, na noite dessa segunda-feira (18), as reiteradas críticas contra a ideologização política de esquerda na instituição e denunciou um aparelhamento político da gestão anterior que resultou em avanço da ala de direita na UFPB. A declaração foi dada durante entrevista ao jornalista Heron Cid, no Programa “Hora H”da TV Manaíra.

“Acho que não tem um espaço tão plural e democrático como a universidade”, esclareceu. Ao mesmo tempo, denunciou que a gestão anterior (Valdiney Gouveia) praticou o que condenava: “A gestão que acabou agora disse que não queria política e foi quem mais agiu assim. Nas terceirizadas e inclusive com parlamentares. Um aparelhamento”.

Terezinha reconheceu que há um avanço da direita na ocupação de espaços na Universidade. “A questão ideológica não é só de esquerda, a direita ficou muito forte. Hoje estou vendo uma ala de direita muito forte na universidade. Acho ruim, porque a direita nunca é democrática e não atende o perfil do que seja uma universidade plural”, criticou.

Derrubar muros
Ela prometeu um esforço de aproximação e falou em derrubar muros entre a IUFPB e a sociedade paraibana. “A relação Universidade com a sociedade deve ser uma constante e ela deve ser buscada também. Então, enquanto diretora mudamos essa lógica no Campus Bananeiras. O que as pessoas diziam? ‘A Universidade tem um muro enorme’, eu digo: ‘vamos derrubar esses muros’”, avisou a professora.

A reitora ainda reafirmou esse compromisso na sua gestão na UFPB: “Derrubar os muros da Universidade, porque a UFPB tem excelentes profissionais com todas as áreas do conhecimento e eles trabalham e muitas vezes a própria sociedade ou não reconhece. Isso estará nas nossas práticas e em nosso próximo planejamento estratégico, que é aumentar o número de indicadores da relação sociedade/universidade”.

Ela prometeu reintegrar internamente a Universidade, após um período de disputa política gerado pela resistência de setores da instituição à nomeação do terceiro colocado na disputa em 2020. “O nosso espírito é de reintegração de todos, o respeito aos conselhos, aos diretores, aos estudantes. Essa vai ser a tônica nossa. Levando a gestão aos centros, de sair das nossas salas, chegar bem perto e entender o lugar do outro”, garantiu.

A necessidade foi ratificada a partir da partilha de um acontecimento recente, logo após a posse da nova reitora. “Um senhor foi a minha sala e ficou muito emocionado de chegar na minha sala. E eu fique sem entender porque ele estava naquele estado. Ele disse que fazia trinta anos que ele trabalhava ali e nunca tinha chegado na sala da reitora. E eu fiquei pensando como uma pessoa trabalhando tão próximo e nunca esteve ali”, contou.

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