Milton Cunha revela ter sofrido ataques de homofobia: ‘Medo de me matarem’
- 9 de dezembro de 2024
Milton Cunha ficou famoso no Brasil inteiro por causa de seu estilo espalhafatoso, colorido e seu jeito divertido e rebuscado de falar e analisar desfiles de escolas de samba. O especialista contou, no entanto, que nem sempre sua vida foi cheia de cores e alegrias: ele revelou ter tido uma infância difícil, em que sofreu muitos ataques homofóbicos.
“Eu tenho esse DNA, eu sou assim. Com quatro anos de idade, eu já botava [a flor] bromélia na minha cabeça. Meu pai ficava desesperado, minha mãe enlouquecida. Eles colocaram toda aposta em mim para eu ser um príncipe hétero, continuar a história. E eu era uma criança bicha, uma criança viada. Eles não sabiam o que fazer de mim”, o comentarista contou durante painel no estande da Globo, na CCXP 24, na última quinta (5).
“Eu apanhava de todo mundo, apanhava de irmão, apanhava de família, apanhava na escola. Eu era muito pintosa. E aí eu dizia: ‘Não vou negociar. Vou apanhar, não tem o menor problema, bate. Mas eu vou ser melhor ainda depois da surra. Pode bater que eu vou me recriar, lindo. Nada me segurou”, declarou Milton Cunha, orgulhoso.
Ele ressaltou, no entanto, que teve medo de morrer por conta de uma dessas surras cruéis. “Eu tinha medo de morrer, de me matarem, como matam muitas crianças gays por aí. O Brasil é o país que mais mata [pessoas] trans no mundo. Este país tem um problema de machismo, este país é hipócrita. Nós temos que melhorar nas próximas gerações”, afirmou.
“Eu sobrevivi, fiz de mim o que eu queria. Eu já nasci assim, brilhoso, todo enfeitado. Eu nasci na Amazônia, em Belém do Pará. Eu via os indígenas com aqueles cocares, a pele pintada de vermelha urucum, eu amava. Eu queria ser aquilo. Eu não queria viver de paletó e gravata, eu queria me enfeitar”, comentou o especialista em Carnaval, sob aplausos da plateia.