Surpreso com repercussão, Lula diz que Haddad não era alvo de bronca

  • 22 de janeiro de 2025

O presidente Lula disse a auxiliares nesta terça-feira, 21, que a reclamação sobre a divulgação da portaria que “depois arrebenta e cai na Presidência da República” não era uma bronca endereçada ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao contrário do que entendeu a maioria dos participantes da reunião ministerial realizada na segunda-feira, 20.

Em conversas reservadas, o presidente alegou que a declaração foi um alerta a todos os ministérios para que tomem cuidado com a repercussão política de suas iniciativas, mesmo aquelas que têm um viés eminentemente técnico, como foi o caso da portaria da Receita Federal sobre monitoramento de transações financeiras feitas por meio do Pix.

Lula foi obrigado a revogar a norma depois de a oposição usá-la para difundir a tese de que, a partir de sua implantação, haveria taxação do Pix e uma ofensiva do Leão sobre empreendedores e pequenos empresários. A Receita até tentou negar essa versão, taxando-a de mentirosa, mas não conseguiu equilibrar o jogo nas redes sociais. Diante do estrago de imagem, o governo recuou.

“Daqui para frente, nenhum ministro vai poder fazer uma portaria que depois crie confusão para nós sem que passe pela presidência através da Casa Civil. Muitas vezes a gente pensa que não é nada, faz uma portaria qualquer e depois arrebenta e cai na Presidência da República”, afirmou o presidente.

Falha na comunicação

Publicamente, prevaleceu a impressão de que houve uma reprimenda a Haddad. O momento não poderia ser pior para ele. Desde o fim do ano passado, quando o governo deixou de lado propostas do ministro e anunciou um pacote de corte de gastos considerado tímido por agentes econômicos, Haddad e a política econômica enfrentam uma crise de credibilidade.

Há dúvida se o governo conseguirá cortar despesas e deter o crescimento da dívida. Há dúvida também se Haddad terá força para impedir soluções populistas, como a tentação de baixar na marra a taxa de juros e o preço dos alimentos, duas obsessões de Lula, que deixou claro na reunião ministerial que a eleição presidencial de 2026 já começou.

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