Quando a pornografia se torna prejudicial? Entenda vício que aflige Pyong Lee

  • 2 de outubro de 2023

Recentemente, Pyong Lee revelou ter sido viciado em pornografia e expôs o drama para se livrar do problema. Além do ex-BBB, o ator Terry Crews e a modelo Cara Delevingne também já falaram abertamente sobre o assunto. “Essa fonte de prazer é momentânea e não tem capacidade de anular toda a fonte de desprazer que pode ser o restante da vida da pessoa”, explica o psicólogo Ronaldo Coelho.

O especialista, que também é professor de psicanálise, diz que a dependência em materiais pornográficos se assemelha ao consumo de substâncias entorpecentes.

“A pornografia se caracteriza como um acesso fácil a uma fonte de prazer à qual a pessoa tem total controle, sem depender de um outro para se satisfazer. Assim como as drogas, nós poderíamos usar a ideia de vício quando esse consumo sai fora do controle e traz danos ou prejuízos para a vida do ‘usuário’ ou de terceiros.”

O psicólogo destaca que, quanto mais o dependente busca acesso à pornografia, mais ele corre o risco de perder a capacidade de manter o próprio controle. “É comum o consumo abusivo e compulsivo, em que a pessoa busca cada vez mais essa fonte de prazer para fugir do mundo que a cerca ou se anestesiar do desprazer de sua própria vida.”

A sexóloga Débora Pádua também comenta o problema exposto por Pyong Lee. A especialista faz um alerta sobre alguns problemas que podem afetar a vida do viciado em pornografia.

Consideramos um problema quando afeta as atividades de vida diárias, comportamentos e relacionamentos. Alguns estudos mostram que pessoas que consomem muita pornografia podem ter diversos problemas de excitação, problemas sociais, já que fica mais difícil se envolver com outro indivíduo.

“Quem sofre com esse vício pode ficar cada vez mais distante de seus parceiros e pode perder ou reduzir o desejo sexual. O ideal é tentar diminuir a exposição aos vídeos, tentar manter uma frequência sexual que seja adequada para ambos e, se possível, uma terapia para entender qual é a necessidade da pornografia e o que pode desencadear essa necessidade.”

Como tratar?

O psicólogo Ronaldo Coelho explica que pessoas viciadas em materiais pornográficos precisam, sim, procurar ajuda. O tratamento deverá ser feito em etapas e pode não ser tão fácil logo de início. “Quando estamos falando de vício e consumo abusivo, é necessário se perguntar o motivo disso.”

“Se a busca é para alívio de tensão, se é para aprendizado, se é para satisfação, prazer, se é porque está com tédio ou porque não tem nada na sua vida que dê prazer. A partir daí, é necessário saber quanto tempo isso ocupa na vida da pessoa. É a primeira parte de qualquer tratamento. Não é ‘ocupando a mente com outra coisa’ que se livra desse problema”, diz.

Segundo o especialista, a procura frequente por conteúdos +18 pode estar relacionada a questões mais profundas. Por isso, é necessário procurar ajuda para entender a origem do vício. “Pode estar ligado a uma fobia social, a dificuldades no casamento ou mesmo a fatores que são insuspeitáveis à primeira vista.”

Educação sexual

Para o psicólogo, a procura por pornografia não está apenas associada ao vício, já que algumas pessoas podem partir de uma curiosidade para aprender mais sobre sexo. Coelho, então, destaca a importância de introduzir a educação sexual na sociedade de maneira mais incisiva.

Sem educação sexual, a pornografia pode se tornar simplesmente a reprodução da misoginia, da masculinidade tóxica, da cultura do estupro e da violência contra a mulher como algo a ser buscado. A pornografia vai estetizar, vai tornar belo e desejável esse modo de relação no sexo. Muitas vezes é deixada de lado essa faceta da pornografia, que é a de ensinar o que é sexo e atribuir valor estético a essa ou aquela prática.

“As pessoas não buscam pornografia só por curiosidade ou para gozar, mas para aprender como se faz. Fantasias são alimentadas, nutridas e viabilizadas no mundo real por meio da pornografia. Há os dois lados desse fenômeno que devem ser considerados para que não fiquemos em uma discussão rasa, que demoniza e se torna pouco construtiva”, finaliza.

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